Santo-angelense vítima de telemarketing precisa da ajuda do filho e de amigos para sobreviver

Um idoso de 79 anos foi vítima de esquema onde empresas utilizam serviços de telemarketing enganar idosos e convencê-los a aceitar descontos indevidos nas suas aposentadorias em troca de suposta prestação de serviços.
Piragibe Jesus de Abreu tem contado com a ajuda do filho e de amigos para sobreviver. A aposentadoria soma cerca de R$ 1,7 mil mensais, para complementar a renda, ele faz bicos tocando sanfona. No mês passado, Piragibe recebeu cerca de R$ 700 pois teve descontos que não reconhece e não autorizou.
“Cada vez que eu ia na folha de pagamento, o meu salário estava diminuindo mais. Mas olha, eu estou… Sabe que eu tenho bastante amigo, né? E… Meu filho também me ajuda. Não é fácil, né?”
Um dos descontos tem valor de R$ 79 em nome do Sindicato Nacional dos Aposentados do Brasil (Sinab). Segundo a Fundação de Proteção e Defesa do Consumidor (Procon) do Rio Grande do Sul, Piragibe foi enganado e induzido a concordar com a adesão ao serviço.
O Procon solicitou ao sindicato provas da suposta filiação do aposentado e recebeu, como evidência, uma gravação telefônica. No áudio, o idoso responde “sim” após o atendente de telemarketing afirmar: “Autorizo o Sinab a realizar, perante o INSS, o desconto da mensalidade de associado correspondente a 3% do valor do meu benefício previdenciário”. Embora parecesse uma autorização válida, a gravação estaria incompleta e levanta dúvidas sobre a legitimidade da contratação.
Segundo Walter Portalete, coordenador do Procon de Santo Ângelo, esse tipo de situação é recorrente. “Em muitas gravações, o consumidor responde ‘sim’ ou ‘entendi’ à conversa como um todo, e não especificamente ao contrato. Quando a contratação é legítima, as empresas fornecem a gravação completa e a documentação. Quando é ilícita ou fraudulenta, esses materiais não são enviados”, afirma.
Por meio de nota, o Sinab declarou que os termos de filiação são apresentados de forma clara e detalhada aos interessados, e reforçou seu compromisso com a ética, a transparência e a defesa dos direitos dos aposentados e pensionistas.
Uma ex-funcionária de telemarketing revelou algumas das práticas nos bastidores dessas contratações. Ela relatou que os operadores seguem scripts prontos para induzir os aposentados a concordarem com serviços. As ligações, segundo ela, são feitas de forma rápida e propositalmente confusa. “A gente tinha que falar o tempo todo, sem deixar o cliente pensar. E aí, eles acabavam entrando na conversa”, lembra.
Fonte: g1