Assine o Jornal das Missões! Clique aqui!
SANTO ÂNGELO
11 de maio de 2025
Rádio AO VIVO
Cidade

Maternidade atípica é cotidiano de aceitação e coragem

  • maio 10, 2025
  • 4 min read
Maternidade atípica é cotidiano de aceitação e coragem

O Dia das Mães é sempre especial. É data para lembrar quem tem no cuidado um exercício cotidiano de doação a outras pessoas.

As chamadas mães atípicas enfrentam desafios potencializados da maternidade. Além do cansaço, do estresse, tão comuns nos agitados dias em que vivemos, ainda enfrentam desafios como obstáculos sociais gerados a partir de incompreensões. Vai muito além das tarefas cotidianas, preconiza o desenvolvimento dos filhos em meio à luta por direitos e oportunidades.

A tarefa materna é romantizada de forma natural, pois envolve o afeto mais profundo entre seres humanos. A definição mãe atípica é uma forma de chamar a atenção da sociedade para essas mulheres que cuidam dos filhos com deficiência, síndromes ou transtornos que afetam o desenvolvimento neuropsicomotor. É uma jornada intensa, que exige constantes adaptações, porém, que proporciona aprendizados diários, reforçando o amor inerente a todas as mães.

DESCOBERTA, PREOCUPAÇÃO E DETERMINAÇÃO
Denise Cardoso da Silva é mãe atípica de Nicole, 16 anos, e Bruno, quatro. Ela descobriu a condição de Nicole quando a bebê estava com nove meses. Numa consulta no posto de saúde, o médico alertou que Nicole não possuía firmeza para sentar e que era preciso buscar um diagnóstico preciso. Descobriu que a filha tinha frouxidão no tecido muscular e foi informada que a menina dificilmente conseguiria caminhar. “Foi um susto, mas de imediato busquei tratamento e fui acolhida na Apae. A preocupação é automática, mas fui pesquisar sobre a situação e vi que existiam recursos e não esmoreci em buscá-los”.

Determinada a ver filha evoluir, seguiu todos os passos apontados pelos especialistas. O estímulo não ficou restrito aos atendimentos ou à escola, mas virou rotina em casa. Até os sete anos, Nicole não caminhou. Depois de 15 cirurgias, muita fisioterapia e otimismo da mãe, a menina não apenas caminha, mas adquiriu autonomia para uma série de outras ações, vencendo o que se opunha como limitação física e neurológica, devido aos traços do espectro autista. “Ela ainda tem que passar por uma cirurgia para alinhamento da coluna e sinto um orgulho enorme de vê-la caminhando, falando, fazendo coisas que muitos duvidavam que conseguisse”.

EXPERIÊNCIA
Quando Nicole estava com 12 anos, Denise decidiu ter mais um filho. Conversou com o marido sobre a possibilidade de uma nova situação neurodivergente e chegaram à conclusão que a experiência com Nicole daria força suficiente. Bruno nasceu com oito meses de gestação e síndrome de down. Frequenta a Escola Especial Raio de Sol, mantida pela Apae, assim como Nicole, e seu desenvolvimento é destacado.

REDE DE APOIO, DIREITOS E PRECONCEITO
Denise participa das ações coletivas que buscam garantir direitos e lutam por inclusão. “É a rede de apoio, a escola e a família que são os pilares. A inclusão começa em casa. Eu incluo meus filhos em todas as atividades sociais”, frisa a mãe que trabalha como manicure e faz artesanato de crochê. “Não deixo de fazer nada por conta das crianças. Elas estão sempre presentes e tem autonomia, vão sozinhos no ônibus para a escola, tem atividades preferidas, convivem com a família, com os vizinhos, com os amigos”.

A mãe atípica afirma que ainda sente algum tipo de preconceito na sociedade. “As pessoas quando conhecem a minha família, ficam penalizadas. Pensam que com dois filhos atípicos, a minha vida acabou, é sofrimento. Pelo contrário, sou uma mãe muito feliz. Estou sempre em busca de informações, de algo que possa refletir no desenvolvimento dos meus filhos. Minha dica para outras mães atípicas é não ter medo de correr atrás e buscar a felicidade dos filhos. Quando receber o diagnóstico não se detenha nas dificuldades que serão criadas, mas sim no que poderá fazer para que os filhos possam usar as suas potencialidades, superar suas limitações e progredir”.

FUTURO
Denise observa que a dedicação da mãe atípica é uma batalha diária pelo futuro. Direitos negados podem comprometer a qualidade de vida de seus filhos e as políticas públicas precisam ser eficazes. “É muito importante que as famílias participem desses movimentos, lutando pelos direitos dos nossos filhos”, acentua.

A batalha das famílias atípicas não deveria ser uma luta isolada e sim um compromisso de toda a sociedade. E o Dia das Mães é um momento especial para valorizar esse sentimento singular, que vivencia uma experiência de afeto incondicional, superando barreiras e limites.

About Author

Carolina Gomes

Leave a Reply

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *