CPI do Crime Organizado será instalada nesta terça com foco em facções e milícias
A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Crime Organizado será instalada nesta terça-feira (4), às 11h, no Senado Federal. O colegiado terá como objetivo investigar a estrutura, a expansão e o funcionamento de organizações criminosas, com foco na atuação de milícias e facções como o PCC (Primeiro Comando da Capital) e o Comando Vermelho (CV).
O senador Otto Alencar (PSD-BA), de 78 anos, será o responsável por conduzir a sessão de instalação, por ser o parlamentar mais velho entre os indicados. O autor do pedido de criação da CPI, Alessandro Vieira (MDB-SE), deve ser designado relator dos trabalhos — indicação que, segundo apuração da TV Globo, conta com consenso entre os integrantes.
Ainda não há definição sobre quem presidirá a comissão. As negociações devem ser concluídas nesta segunda-feira (3), com a chegada dos parlamentares a Brasília.
De acordo com o regimento do Senado, o presidente e o vice-presidente da CPI são eleitos pelo próprio colegiado, e o presidente nomeia o relator. Embora essas escolhas costumem ocorrer por acordo político, há precedentes — como na CPI do INSS — em que os cargos foram decididos por maioria de votos.
Criação e atraso na instalação
O pedido de criação da CPI foi protocolado em 17 de junho, mas o colegiado só ganhou força nas últimas semanas, após a crise de segurança no Rio de Janeiro causada por uma operação policial contra o Comando Vermelho, que deixou 121 mortos.
Na última quarta-feira (29), o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), marcou a data de instalação da comissão para esta terça-feira.
Um dos fatores que atrasaram o início dos trabalhos foi a resistência dos partidos em indicar os representantes, diante da complexidade e da alta carga política do tema. As primeiras nomeações só foram concluídas em 20 de outubro, mais de quatro meses após a formalização do pedido.
A CPI será composta por 11 senadores titulares e 11 suplentes, e terá prazo de 120 dias para apurar o modus operandi de facções e milícias, as condições de atuação em diferentes regiões e as estruturas de comando dessas organizações.
— Pelo perfil dos parlamentares indicados, não será uma CPI chapa-branca, afirmou Alessandro Vieira, autor do requerimento de criação da comissão.
