Viva o Brasil! Viva os brasileiros!
Vale neste dia da proclamação da República realizada em 1889 por marechal Deodoro da Fonseca alguns dados acerca da interjeição “viva” e da forma verbal “vivam”. Interjeição costuma ser a última das dez classes gramaticais a ser estudada pelos alunos nas escolas. É palavra ou simples voz que exprime, num instante, uma ideia, um pensamento, um afeto da alma, uma expressão intelectual ou psicológica. Há muitos tipos de interjeição. Podem exprimir além doutros estes dez significados: dor, alegria, desejo, admiração, animação, aplauso, aversão, apelo, silêncio e espanto. Interessa hoje uma, a de aplauso, esta: viva! Aula? De Celso Pedro Luft em ABC da Língua Culta.
Viva é sentida hoje –diz Luft – como interjeição que exprime aplauso, aclamação, entusiasmo… Sendo interjeição, não admite flexão, mudança, isto é, passar de viva a vivam. Como interjeição, exprime ideia forte, enfática, a qual requer ponto de exclamação no final dela, quando sozinha, ou no final da frase. Permite repetição da letra a – vivaaaa! Exemplos corretos: Viva! Viva o Brasil! Viva a República! Viva os 136 anos da República! Viva as Missões! Viva os 400 anos das Missões! Viva Santo Ângelo! Vivaaa! Viva eu! Viva tu! Viva eu, viva tu, viva o rabo de tatu!
Posto isso, vale mais isto. Imagine-se dizer: Vivas tu! Vivamos nós! Podem-se dizer tais frases e outras mais. Mas nessas frases –conforme Luft – não há interjeição, significado de interjeição. Como não há, o significado nelas e delas é outro. Outro porque “vivas” e “vivamos” são formas de verbo e não de interjeição. Por serem formas verbais, concordam em pessoa com os sujeitos tu e nós. Ambas as frases são, por esses motivos, exclamativas e não interjetivas. Não interjetivas porque não possuem interjeição em “vivas” e “vivamos’, mas verbo.
Em acréscimo, vejam-se algumas frases mais. De Herculano: E vivam os doutores! De Machado de Assis: Vivam as flores! Vivam os vivos! De Joaquim Manuel Macedo: Vivam as calças do Augusto! De H. Elia: Viva nós! Viva as mulheres bonitas! Observa-se que as frases de Elia são interjetivas – viva é interjeição, funciona como interjeição. E as demais exclamativas. Existe, porém, um porém, este: língua popular. Língua popular vê interjeição nessas frases. Considera interjeição “vivam” e não verbo. Não formas verbais concordando com os sujeitos. Muitos estudiosos da língua, culta e popular, veem interjeição nessas frases. Opinam – Nascentes também – que nessas frases e afins não se trata propriamente de verbo porque o verbo está “gramaticalizado” como interjeição. Enfim, hoje em dia o importante é comunicar e comunicar com clareza. Lições e opções de usos de níveis de linguagem culta ou popular? Pessoais. Sigo as de Luft.

