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SANTO ÂNGELO
07 de outubro de 2025
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Saúde

Uso de paracetamol é seguro e não causa autismo, dizem especialistas

  • setembro 25, 2025
  • 5 min read
Uso de paracetamol é seguro e não causa autismo, dizem especialistas

Um dos medicamentos mais utilizados no mundo, o paracetamol é considerado seguro, reforçam especialistas. Diante das declarações do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que associou o uso do remédio por gestantes a um risco aumentado de autismo, médicos destacam que não há qualquer evidência científica disso.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) também afirmou nesta terça-feira (23) que não existe uma ligação comprovada de que o paracetamol ou as vacinas provoquem autismo.

Para que serve o paracetamol?

O paracetamol (ou acetaminofeno) é um analgésico e antitérmico simples, não sendo anti-inflamatório nem opioide. Segundo a bula, é indicado para o tratamento de dores leves a moderadas e febre.

O remédio é amplamente utilizado com segurança, inclusive na gravidez, ressalta Giovani Gadonski, chefe do Serviço de Clínica Médica do Hospital São Lucas e professor da Escola de Medicina da PUCRS:

— Apesar de atravessar a placenta e ter circulação pelo bebê, ele é extremamente seguro, especialmente quando comparado, por exemplo, com os anti-inflamatórios, que são vastamente utilizados, como diclofenaco e nimesulida. Ele tem menos paraefeitos.

Como ocorre com qualquer medicamento durante a gravidez, a bula recomenda que mulheres grávidas ou que estejam amamentando busquem orientação de médico ou de cirurgião-dentista antes de usar o paracetamol. Além disso, o uso deve ser limitado a períodos curtos e em casos de extrema necessidade.

Há relação entre autismo e paracetamol?
Um possível risco aumentado de autismo em crianças associado ao uso de paracetamol já foi amplamente discutido e estudado há alguns anos — o tema está sendo “requentado”, segundo especialistas.

Em 2024, o Journal of the American Medical Association (Jama, prestigiada revista médica) publicou um estudo com dados de 2,4 milhões de pacientes da Suécia, e os resultados não confirmaram a suposta associação.

O transtorno do espectro autista (TEA) não tem uma única causa, sendo considerado complexo e multifatorial. Os principais fatores são genéticos. Há uma carga genética de cerca de 70%, determinada por múltiplos fatores genéticos que se somam — a chamada herança poligênica, explica Eugênio Grevet, psiquiatra e chefe do Departamento de Psiquiatria da UFRGS.

Há também a influência da epigenética — a possibilidade de um fator ambiental influenciar a genética, acrescenta Rudimar Riesgo, neuropediatra e professor de Medicina da UFRGS.

Alguns fatores ambientais também podem estar associados — como poluentes, exemplifica Riesgo. Até hoje, porém, nenhum foi inequivocamente comprovado nos humanos. Entre eles, há ainda os fatores ambientais não compartilhados, como tomar determinado remédio, explica Grevet. Porém, o efeito seria pequeno — e, no caso do paracetamol, insignificante.

— Sob o ponto de vista científico, não existe nenhuma possibilidade de que um único fator consiga gerar autismo. Sempre que alguém disser que descobriu a causa do autismo, temos que ter cuidado, pois esta pessoa pode ter outra motivação para fazer tal anúncio: conflito de interesses, motivação ideológica, buscar polêmica para ser citado na mídia… — pontua Riesgo.

Não há qualquer evidência ou dado que indique uma relação entre o uso de paracetamol e o autismo, reforça Grevet:

— As pessoas têm que ficar tranquilas e seguir as orientações do médico, porque, geralmente, eles estudam esses artigos e estão tranquilos em poder prescrever.

Como tomar?
O medicamento é normalmente encontrado em comprimidos de até 750mg, além de outras apresentações.

As bulas de três genéricos do paracetamol e da marca registrada Tylenol, consultadas pela reportagem, recomendam dose diária máxima de 4g (o equivalente a 4.000mg), mas Gadonski, da PUCRS, sugere não ultrapassar 3g (3.000mg) por dia.

— Acima de 4g (4.000mg) pode ser tóxico, especialmente para o fígado — explica, ressaltando que pode levar até mesmo a insuficiência hepática.

Sempre que for necessário utilizar paracetamol e houver uso crônico de alguma medicação, deve-se consultar a bula ou, preferencialmente, o médico ou um farmacêutico para verificar possíveis interações ou aumento do efeito do medicamento.

Quais são os efeitos?
É preciso ter alguns cuidados ao tomar paracetamol, aponta o médico clínico Giovani Gadonski, da PUCRS:

Não combinar medicamentos que têm paracetamol na formulação — como um antigripal — com o paracetamol

Evitar o uso prolongado e exagerado, especialmente mais do que sete dias, pois aumenta a chance de toxicidade

Evitar o uso continuado, especialmente em doses maiores, em pessoas com uma condição crônica que eventualmente já possam ter alguma alteração no fígado, como consumo crônico de álcool, ou que façam uso de medicamentos que interagem com paracetamol, como anticonvulsivantes e anticoagulantes

Evitar bebidas alcoólicas durante o tratamento com paracetamol, visto que os dois competem pelo metabolismo no fígado, ainda que não corte o efeito

Eventualmente, em caso de intoxicação, pode haver náusea, vômito, dor de barriga e outros sintomas gastrointestinais, além de alteração na pele, como lesões avermelhadas

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Rafael Ferreira

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