Trump anuncia que EUA estão em guerra contra cartéis de drogas

O presidente Donald Trump declarou formalmente que os Estados Unidos estão em um “conflito armado” contra os cartéis de drogas, classificados pelo governo como “combatentes ilegais”. A definição consta em um documento confidencial encaminhado pela Casa Branca ao Congresso nesta semana, segundo revelaram o jornal The New York Times e a agência Associated Press.

O texto reforça justificativas já utilizadas pelo governo para atacar embarcações suspeitas de ligação com o narcotráfico, mas avança ao caracterizar as ações militares no Caribe como parte de um conflito contínuo.

A medida foi tomada após o Exército dos EUA realizar, no mês passado, três ataques fatais contra barcos apontados como vinculados ao tráfico de drogas. Pelo menos dois deles tinham partido da Venezuela. O primeiro ataque ocorreu em 2 de setembro, contra uma lancha que, segundo o governo, transportava drogas. A operação matou 11 pessoas e, de acordo com Trump, o barco era operado pela facção criminosa Tren de Aragua, reconhecida neste ano pelos EUA como organização terrorista estrangeira.

Apesar da justificativa oficial, o documento gerou reações no Congresso, onde senadores de ambos os partidos demonstraram preocupação. Parlamentares questionaram o fato de o Pentágono não ter apresentado uma lista completa das organizações classificadas como terroristas e viram na iniciativa da Casa Branca uma tentativa de criar um novo marco legal para as operações militares.

Alguns legisladores defendem que esse tipo de ação só poderia ocorrer com autorização expressa do Congresso, conforme prevê a Lei dos Poderes de Guerra.

O governo, por sua vez, argumenta que os ataques se enquadram no princípio de autodefesa, autorizado pelas leis de guerra, e afirma que o uso da força letal contra os ocupantes das embarcações é legítimo por se tratar de integrantes de cartéis designados como grupos terroristas. A Casa Branca também destacou que cerca de 100 mil americanos morrem anualmente por overdose, o que justificaria a escalada militar contra o narcotráfico.