Tarifando a soberania
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou tarifa de 50% sobre produtos brasileiros, sob o pretexto de “defender a liberdade” contra regimes que, segundo ele, perseguem seus cidadãos, ainda salientando que a balança comercial entre os países seria deficitária para os estadunidenses, o que é uma inverdade, pois, em 2025, existe um saldo favorável superior a 1 bilhão de dólares.
Na prática, a medida é uma retaliação política contra decisões do Supremo Tribunal Federal, em virtude do julgamento dos crimes contra a democracia, e, também, ao processo inevitável de fortalecimento do BRICS, alavancado pelo vigor econômico do bloco asiático.
Por trás desse gesto, porém, há uma ofensiva coordenada. Nos bastidores, escondido em território americano, Eduardo Bolsonaro, que não esconde isso, articula com parlamentares e influenciadores da extrema direita americana estratégias para desacreditar os processos sobre o golpe, com o manifesto objetivo de evitar condenações, ainda que isso represente uma flagrante violência à soberania brasileira.
Mas a chantagem de Trump não afeta apenas o campo institucional. Ela atinge diretamente a economia brasileira. Setores como o agronegócio, mineração e indústria de base serão os primeiros a sentir o impacto. A tarifa incide sobre bens de exportação relevantes, o que pode gerar queda na competitividade, perda de mercados e desemprego em cadeias produtivas inteiras.
Não se trata, portanto, de uma divergência pontual entre países. Trata-se de uma interferência frontal na soberania brasileira, com impactos econômicos e institucionais. O cenário demonstra que um presidente estrangeiro está usando tarifas para tentar intimidar o Poder Judiciário de outro país, havendo absurdo apoio interno de duvidosos patriotas, que aplaudem Trump, o decadente xerife do mundo.
É inaceitável. O Brasil não deve ceder à chantagem, o momento exige firmeza institucional e respeito à soberania, não pode permitir que seus tribunais sejam pautados por interesses geopolíticos ou ideológicos. A Justiça precisa funcionar com base na Constituição, não em tarifas.
Enquanto isso, o vaticínio de um velho amigo parece estar em curso: Trump, que organiza o mundo sem os EUA, será o coveiro do seu país como império.