Predadores usam plataforma online de jogos para abusar de crianças; polícia do RS mira alvo em SP

No interior do Rio Grande do Sul, uma criança de 12 anos passou a ser controlada e ameaçada pela internet. O predador online, de posse de imagens íntimas da vítima, exigia que ela cumprisse ordens que incluíam automutilação e a gravação de cenas constrangedoras. O contato inicial ocorreu por meio da plataforma de jogos Roblox.

A investigação da Polícia Civil gaúcha levou até Ribeirão Preto, em São Paulo, onde o suspeito, um adolescente de 16 anos, foi identificado pelo Departamento Estadual de Repressão aos Crimes Cibernéticos. Na manhã desta sexta-feira (12), os policiais realizam buscas na residência do jovem.

Segundo a polícia, tudo começou após a mãe da criança registrar ocorrência. Ela relatou que a filha sofreu perseguição digital, ameaças, violência psicológica e exploração sexual, tudo após interações virtuais no Roblox — uma plataforma online popular entre crianças e adolescentes, onde os usuários podem criar e jogar mundos virtuais e adquirir itens com moeda virtual.

O delegado Eibert Moreira Neto, diretor do departamento, afirmou que o adolescente atuava como predador digital nesse ambiente. Há suspeita de que ele possa ter outras vítimas. Durante a Operação Cyber Aegis, a polícia pretende apreender dispositivos eletrônicos do investigado.

“Esse aplicativo é amplamente usado por crianças e adolescentes, e predadores online se aproveitam disso para estabelecer contato e ameaçar as vítimas. Isso evolui para uma situação grave de humilhação e controle, algo muito sério e preocupante”, alerta o delegado.

Além disso, o adolescente teria usado redes sociais para ameaçar familiares da vítima. Por isso, foram determinadas medidas que incluem a proibição de contato com a vítima e seus familiares, além da remoção das contas dele das redes sociais.

Múltiplos perfis e manipulação psicológica

Durante a investigação, a polícia constatou que o suspeito utilizava diversos perfis em diferentes plataformas digitais, além do Roblox, submetendo a vítima a manipulações psicológicas e exigindo fotos íntimas e automutilação.

Após conquistar a confiança da criança em um suposto relacionamento virtual, o agressor passou a exigir fotos em que o rosto da vítima aparecia. Sob ameaça, a criança cedeu, dando início a novas imposições, como execução de tarefas vexatórias, entrega de senhas de redes sociais e automutilação — formas de demonstrar dominação sobre a vítima.

Ao perceber a gravidade da situação, a vítima contou à mãe, que acionou a Polícia Civil. Mesmo após isso, o investigado tentou restabelecer contato por meio de perfis falsos no Instagram e abordando familiares pelas redes sociais.

“A ação interrompeu a atividade de um predador virtual e serve de alerta para pais, responsáveis e sociedade em geral. Denunciar suspeitas é essencial para proteger vítimas e evitar a continuidade desses crimes”, afirma o delegado Marcos Vinícius Nespolo de David.

Orientações aos responsáveis

• Oriente os filhos a não compartilhar fotos íntimas ou dados pessoais com desconhecidos.
• Mantenha um diálogo aberto para que relatem qualquer situação suspeita.
• Use recursos de controle parental nas plataformas online.
• Crie uma conta de pai ou mãe vinculada à do filho.
• Permita que o filho jogue apenas em áreas comuns da casa.
• Desative o bate-papo ou limite para “somente amigos”.
• Em caso de contato ou chantagem virtual, procure imediatamente a Polícia Civil.
• Registre ocorrência em qualquer delegacia ou pela Delegacia Online.
• Em casos envolvendo crianças e adolescentes, acione também o Conselho Tutelar.