O 20 de Setembro e a força das tradições
À medida que o 20 de setembro se aproxima, não consigo deixar de voltar às minhas próprias raízes. Nascido no interior, cresci em meio à vida simples, onde o cavalo crioulo não era apenas um animal: era um companheiro de jornada, um professor silencioso que ensinava valores que a escola, apesar de todo seu empenho, muitas vezes não conseguia transmitir em sua totalidade.
Hoje, como médico neurologista, percebo cada vez mais o quanto a saúde emocional depende dessas conexões profundas: com a natureza, com a tradição, com aquilo que nos dá chão e identidade. Nos pacientes que acompanho, especialmente as crianças, noto uma diferença enorme entre aquelas que têm esse contato com o campo, com o cavalo, com o ritmo mais humano da vida, e as que vivem afastadas de tudo isso. Quem convive com o animal aprende cedo o altruísmo, a paciência, o companheirismo. Aprende a lidar com limites, frustrações e vitórias de um jeito muito mais maduro.
O 20 de setembro, para nós gaúchos, não é só uma data histórica. É um lembrete da força, da garra e da luta que nos definem como povo. Mais do que isso, é um chamado para refletirmos sobre a importância de mantermos nossas tradições vivas, não como algo do passado, mas como alimento para a saúde da alma. Porque tradição não é apenas usar a bombacha ou cantar o hino: é também cultivar valores que fortalecem nossa mente e nosso coração.
Vejo diariamente como a saúde emocional anda fragilizada. Ansiedade, depressão, medos e inseguranças crescem em silêncio. E acredito que reencontrar nossas raízes, no contato com o cavalo crioulo, nas danças gaúchas, no CTG ou na roda de chimarrão, é também um caminho de cura.
Eu, que sigo caminhando ao lado do cavalo desde guri, sei que essa relação me deu não só equilíbrio físico, mas também clareza emocional. É um aprendizado que quero transmitir: a vida ganha sentido quando está enraizada. E a força que precisamos para enfrentar os desafios de hoje é a mesma que nossos antepassados encontraram ao lutar por liberdade.
Que neste 20 de setembro cada um de nós possa lembrar: cuidar da saúde também é cuidar daquilo que nos liga às nossas origens.
Um baita quebra-costela para todos nós.