Laudo do IGP aponta falha no freio como causa do acidente com ônibus que pegou fogo no Centro Histórico de Porto Alegre

Um laudo técnico do Instituto-Geral de Perícias (IGP) concluiu que uma falha no sistema de freios foi a única causa tecnicamente possível para o acidente com um ônibus de turismo que desceu desgovernado, atingiu carros estacionados, pegou fogo e provocou um incêndio em um prédio no Centro Histórico de Porto Alegre.
Segundo o documento, houve desgaste acentuado no pino rolete das sapatas de freio das rodas do eixo de tração, o que pode ter reduzido a eficiência tanto do freio de serviço quanto do freio de estacionamento.
O laudo também apontou que o ônibus excedia o limite de peso permitido para circular na região: pesava cerca de 25 toneladas, incluindo os 57 ocupantes, enquanto o máximo autorizado na área era de 12 toneladas. O veículo levou apenas oito segundos para descer a rua, o que indica que não houve resistência de rolamento nem frenagem.
O IGP destacou que suas análises são técnico-científicas e seguem protocolos oficiais de perícia criminal.
O delegado Carlo Butarelli, responsável pela investigação, informou que o motorista será ouvido novamente após o resultado da perícia. Depois disso, o inquérito será encaminhado ao Ministério Público. Segundo o delegado, o condutor não deve ser indiciado, pois o caso é tratado como termo circunstanciado por lesão corporal culposa, de menor potencial ofensivo. O motorista estava habilitado e não havia ingerido álcool.
Relembre o caso
O acidente ocorreu em 3 de outubro, quando o ônibus transportava 55 adolescentes e duas acompanhantes de Vacaria, na Serra do RS, para uma excursão em Porto Alegre.
O motorista parou o veículo na Rua Espírito Santo após o ônibus enroscar em cabos de energia. De acordo com a Brigada Militar, ele teria acionado o freio de mão e descido para verificar o problema, momento em que o ônibus começou a se mover sozinho.
O veículo atingiu dez carros e o impacto provocou um incêndio que se espalhou até um prédio. Passageiros registraram o momento do acidente — as imagens mostram o ônibus pegando fogo e os ocupantes tentando escapar, alguns precisando pular sobre carros estacionados.
O Corpo de Bombeiros informou que não houve feridos graves, mas 12 pessoas receberam atendimento médico. A empresa responsável afirmou, em nota, que está prestando apoio e assistência aos passageiros.
Na época, o motorista já havia relatado à Polícia Civil que o freio havia falhado.
Indenizações e medidas
O advogado do proprietário do ônibus informou que todos os atingidos serão indenizados, conforme prevê a legislação brasileira.
Após o acidente, a Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC) proibiu o tráfego de ônibus na Rua Espírito Santo, instalando placas que restringem a passagem de veículos pesados a partir da Rua Duque de Caxias.

