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SANTO ÂNGELO
30 de outubro de 2025
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Estado

Indiciamento ameaça candidatura de Juliana Brizola ao Piratini

  • outubro 23, 2025
  • 5 min read
Indiciamento ameaça candidatura de Juliana Brizola ao Piratini

A candidatura de Juliana Brizola (PDT) ao Palácio Piratini sofreu uma avaria de impacto considerável com o indiciamento dela pela Polícia Civil. A repórter Adriana Irion, do Grupo de Investigação (GDI) da RBS, apurou que Juliana foi indiciada com base no artigo 102 do Estatuto da Pessoa Idosa, por supostamente se apropriar de dinheiro da avó materna, Dóris Daudt, de 99 anos. Juliana nega que tenha desviado dinheiro da avó e lamenta o vazamento de informações de um inquérito que teve origem em desavenças familiares.

Na origem do inquérito está uma ação movida pelo tio de Juliana, Alfredo Daudt Júnior, irmão de Nereida Daudt Brizola, que requereu a curatela da mãe no início deste ano alegando que a sobrinha estava negligenciando os cuidados com a idosa. Em fevereiro, a Justiça concedeu a curatela a Alfredo, que vive em Santa Catarina, e ele teve acesso à conta bancária da mãe, que é conjunta com Juliana.

Ao constatar que a conta estava negativa em R$ 44 mil, apesar de Dóris ter recebido em 2024 uma indenização de R$ 1,8 milhão e de contar com uma pensão mensal de R$ 25 mil paga pelo Estado brasileiro por ser viúva de Alfredo Ribeiro Daudt, excluído da Aeronáutica por seu envolvimento no movimento pela Legalidade, o filho entrou com uma notícia-crime na Polícia Civil. Anexou extratos que mostram empréstimos de R$ 100 mil e R$ 420 mil, feitos em nome da mãe, transferências para terceiros e pagamento de despesas que não se relacionam aos cuidados com a idosa, que tem sequelas de um AVC sofrido em 2021.

Mesmo que indiciamento não seja sinônimo de condenação e que Juliana tenha todas as possibilidades de se defender, do ponto de vista político a candidatura fica inviabilizada, porque o PDT não tem como bancá-la sem uma aliança. Cortejada pelo PT, que chegou a acenar com a cabeça de chapa, destronando Edegar Pretto, Juliana também vinha sendo cotada para encabeçar a aliança governista, caso  o vice-governador Gabriel Souza não decole nas pesquisas.

Tanto no PT como na base do governo Leite havia dúvidas sobre a capacidade gerencial de Juliana, por nunca ter ocupado cargos de gestão, mas o problema era considerado sanável com a justificativa de que bastaria montar uma equipe competente. O indiciamento e os termos usados pela delegada Ana Luíza Caruso no relatório do inquérito quebram a espinha dorsal da candidatura.

O que diz Juliana Brizola

“Dedico amor e cuidado à minha avó Dóris Daudt a vida toda. Há 20 anos, sou responsável por todo seu suporte. O processo que está sendo exposto pela mídia neste momento é movido por um filho que a abandonou há décadas e agora busca obter benefício financeiro de uma senhora de 99 anos.

Desde 2018, quando ainda exercia o mandato de deputada, eu e minha avó mantemos uma conta conjunta – muito antes de qualquer limitação de saúde. Nessa conta, há rendimentos e despesas de ambas, como é natural entre pessoas que compartilham uma conta bancária.

Sou a única familiar que vive em Porto Alegre e que acompanha diariamente sua vida, sua rotina e cuidados com sua saúde. Desde jovem, mantemos uma relação profundamente afetiva e materna. Fui criada por ela e, hoje, retribuo com cuidado, presença e responsabilidade todo o carinho que sempre recebi.

Lamento o vazamento de documentação contendo informações tão íntimas da nossa vida e o possível uso político disso.

Juliana Brizola”

O que diz Escritório Aury Lopes Jr Advogados, responsável pela defesa de Juliana Brizola

“A defesa de Juliana Brizola, a cargo do Escritório Aury Lopes Jr Advogados, informa que lamenta profundamente a divulgação da presente investigação e, desde logo, registra sua discordância quanto às conclusões apresentadas pela autoridade policial. Juliana colaborou integralmente com a apuração, prestando todos os esclarecimentos solicitados.

Os fatos foram apresentados de maneira distorcida e serão devidamente esclarecidos no juízo cível, esfera competente para a discussão, pois não há configuração de delito. O que existe, na realidade, é uma divergência familiar, consubstanciada em pedido de prestação de contas formulado por familiar insatisfeito, a ser enfrentada no processo adequado.

Cumpre destacar que sempre houve convivência próxima e cuidado constante de Juliana com sua avó. Havia uma conta conjunta, com natural mistura de receitas e despesas, e jamais se verificou qualquer apropriação indevida de valores, bens, pensão ou rendimentos da idosa com finalidade diversa da devida.

A defesa confia que tudo será integralmente esclarecida na esfera competente.”

O que dizem os advogados de Daudt

Procurados pela repórter Adriana Irion, os advogados Andrei Zenkner Schmidt e Bruna Aspar Lima, que representam Alfredo Daudt Júnior, disseram que “ratificam todas as conclusões do inquérito policial. A apropriação de valores pertencentes à vítima está amplamente comprovada pela prova documental e testemunhal. Espera-se, nesse sentido, que a denúncia seja oferecida pelo Ministério Público para a apuração desses lamentáveis delitos e dos danos causados.”

Fonte: GZH coluna Rosane de Oliveira. 

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Lara Santos

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