Golpe virtual causa prejuízo de mais de R$ 200 mil a médico de Ijuí

Um médico de Ijuí passou por uma situação preocupante ao descobrir que dois veículos foram comprados e financiados em seu nome sem que ele tivesse autorizado qualquer transação. O caso, agora investigado pela Polícia Civil, mostra como os golpes digitais estão cada vez mais sofisticados.

Rodrigo Alessandro Rodrigues da Silva percebeu o problema ao tentar acessar o aplicativo do governo federal e notar que seu e-mail e senha haviam sido alterados. Ao verificar a CNH digital, constatou que dois carros estavam registrados em seu nome, somando mais de R$ 200 mil.

Ele questiona como a concessionária conseguiu financiar os veículos integralmente sem confirmar sua identidade:

“O que mais me assustou foi que todo o financiamento foi aprovado sem nenhuma verificação comigo. Quem retirou os carros em meu lugar?”, afirmou.

As compras foram realizadas exclusivamente pela internet. Um dos veículos foi retirado em uma concessionária de Rio Grande. Já o outro, avaliado em R$ 129,9 mil, teve a transação cancelada em uma loja de Passo Fundo, após o vendedor desconfiar da documentação enviada pelos golpistas.

“O suposto enteado do comprador era mais velho que ele. Ao solicitar documentos autenticados, percebemos a inconsistência e conseguimos localizar o verdadeiro Rodrigo”, contou Charles Sperotto, consultor da loja.

A gerente comercial da concessionária confirmou que a venda foi interrompida antes do emplacamento e que a empresa registrou um boletim de ocorrência para proteger o cliente e a própria empresa.

Enquanto isso, a concessionária de Rio Grande, responsável pela entrega do outro veículo, não comentou o caso. O carro, avaliado em mais de R$ 100 mil, ainda consta no nome de Rodrigo.

Como os golpes digitais funcionam

Até setembro deste ano, quase 400 casos de estelionato foram registrados em Ijuí, cidade de 84,7 mil habitantes. De acordo com o delegado Ricardo Miron, criminosos têm usado redes sociais e ferramentas de busca para coletar informações de possíveis vítimas:

“Com uma simples selfie e dados pessoais, eles conseguem financiar veículos e outros bens em nome de terceiros.”

Há suspeita de que no caso de Rodrigo tenha sido usada inteligência artificial para burlar o reconhecimento facial exigido em compras online.

O especialista em Ciência da Computação, Tiago Mallmann Rohde, alerta sobre a técnica de engenharia social, muito comum em golpes digitais:

“Os golpistas se passam por conhecidos, criam páginas falsas e enviam links por WhatsApp, e-mail ou SMS. Ao clicar, a vítima fornece dados que podem ser explorados para fraudes.”

A Polícia Civil reforça a importância de registrar boletins de ocorrência, mesmo em prejuízos pequenos, para evitar que crimes fiquem fora das estatísticas oficiais.

Medidas de proteção online

• Use senhas fortes e evite informações previsíveis.
• Ative a autenticação de dois fatores.
• Não clique em links suspeitos.
• Desconfie de solicitações urgentes por informações ou pagamentos.
• Evite usar Wi-Fi público sem proteção.
• Limite a exposição de dados pessoais em redes sociais.

No app Gov.br (Android ou iOS/iPhone), é possível aumentar a segurança da conta:

• Autenticação em duas etapas: adiciona uma segunda camada de proteção no login.
• Login por biometria: permite acessar usando digital ou reconhecimento facial.
• Controle de dispositivos autorizados: impede logins em aparelhos não previamente cadastrados.

Fonte: gzh