Gol anuncia fim das negociações de possível fusão com Azul
O Grupo Abra, controlador da Gol, notificou a Azul nesta quinta-feira (25) sobre o encerramento das negociações para uma possível fusão entre as companhias aéreas. A decisão também inclui a rescisão do acordo de codeshare firmado em maio de 2024.
Em comunicado, a Gol afirmou que o processo foi interrompido devido à falta de avanços nas discussões. “Após a assinatura do Memorando de Entendimentos de 15 de janeiro de 2025, a Abra se colocou à disposição para seguir com as tratativas, porém não houve conversas significativas”, informou a companhia.
O grupo citou ainda mudanças no cenário desde a assinatura do memorando e o pré-arquivamento junto ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), além do fato de as conversas terem ocorrido em paralelo ao processo de recuperação judicial (Chapter 11) da Azul nos Estados Unidos, sem evolução relevante.
Apesar do fim das tratativas, a Abra declarou acreditar no mérito de uma possível combinação de negócios entre Azul e Gol e reforçou estar “pronta, disposta e disponível para engajar com os stakeholders aplicáveis” em outro momento.
Impacto no codeshare
Com o encerramento das negociações, o grupo também comunicou a rescisão do acordo de codeshare, que previa venda cruzada de passagens, integração de malhas aéreas e acúmulo de pontos nos programas de fidelidade Smiles e Azul Fidelidade.
A Gol informou que irá honrar todos os bilhetes já emitidos no âmbito da parceria e destacou sua malha de 147 rotas domésticas e 42 internacionais.
Cade e acompanhamento do setor
No início de setembro, o Cade havia determinado que o contrato de codeshare entre as empresas fosse notificado ao órgão em até 30 dias. Até a análise concorrencial ser concluída, as companhias estavam impedidas de ampliar as rotas incluídas no acordo.
O relator do caso, conselheiro Carlos Jacques, ressaltou que acordos desse tipo não têm isenção automática da análise antitruste e devem ser avaliados considerando sobreposição de rotas e riscos de coordenação entre concorrentes.
O Ministério de Portos e Aeroportos também se manifestou, destacando que o setor aéreo brasileiro segue em crescimento, com maior demanda por voos nacionais e internacionais. A pasta reforçou que o país continuará contando com três grandes companhias — Gol, Azul e Latam —, o que, segundo o governo, garante competitividade e mais opções aos passageiros.
