Estalantes seivas de angico
A tarde morria assim esfiapada… sol escaldante, nuvens com ares de desgraça e ao fechar da porteira, ventos entortantes, árvores solitárias destroçadas, matas inteiras caídas… soluçando solo adentro, bichos entocados, gentes desaparecidas, as águas torrenciais lavavam as terras aradas, levando os nutrientes para o leito dos rios e, embora esses estivessem com as suas barrancas protegidas por cílios vigorosos a preceito da natureza, no lugar, a perplexidade e o medo tomaram conta, enquanto isso, no derredor do borralho – uma figura!
Os olhos do mundo pranteiam acontecimentos diários, as notícias voejam, no vasto largo onde voejavam os versos do saudoso poeta Olgi, um volante no versejar nostálgico sobre a sua clã, sempre reverenciada, alargada nos semi-areais da velha Condelaria do Rincão, onde pão com mel e banha era banquete e o mel no pão, uma substância vitaminada para sustentá-lo na mocidade e dar-lhe vaza em seus escritos revestidos de seda, púrpuras lantejouladas, ao dedilhar do inseparável e habilidoso Rubilar, em cordéis sinfônicos desfilantes aos ouvidos dos bons apreciadores – das melodias sinfonizadas!
Sobrevive a verdade quando se mostra – noite -, ao invés da esfiapada tarde, e aquela figura singular, impassível, sentada ao derredor do borralho, move-se lentamente, com atitudes quase despercebidas do Urutau, sentado em vigília ao palanque junto a janela e a dita figura atiça o fogo semimorto, feito um fole das antigas ferrarias, reavivando-lhe a essência, vida às brasas, estas, estalantes seivas de angico, um guarda-fogo respeitado, no rancho a vida desbotada vai reacendendo as cores e os costumes de dantes, enquanto os charladores silenciosos, amedrontados, retornam um a um, mas ainda hoje juram…!!
Setembro, dezembro, junho, março talvez, desimporta! Será? Nos senhos dos atores daquela jornada quase malfada, sobrevivem avidamente, imagine o leitor, no ardor crepuscular, uma prosa deleitosa pousa sobre o fogo do galpão, na palha do milho bem alisada, um fumo crioulo picado a preceito e bem esfarelado na palma da mão, fechado com maestria, aceso com tição, uma tragueada. mais outra, o guitarreiro principia seu trinar de cordas, pigarreia num limpar da garganta, soltando a voz, nisso, irrompe um “tornado” de proporções gigantescas e a desventura começa…, os olhos deles, ainda hoje esbugalham!

