Entre a legalidade e o diálogo

Duas situações tomaram conta dos debates em Santo Ângelo nesta semana. A primeira foi a troca de diretores de escolas da rede municipal e a segunda a proposta do novo brasão do Município.
Com relação às trocas nas direções das escolas, ninguém discute que esse é um direito do gestor municipal estabelecido na legislação.
A questão não é a legalidade. É a motivação. Pais de alunos das escolas Armindo Utzig, no Bairro Haller, e Odyla Pinto de Carvalho, no Missões, não concordam com as alterações e expressaram isso publicamente.
Queixam-se que gostariam de ser ouvidos. A secretária de Educação, Eliane Carpes, se baseia no direito legal da troca e afirma que as diretoras substituídas seguem na lista da seleção que foi promovida pela administração para o cargo e que podem assumir a direção de qualquer escola em breve. E aí reside a incoerência. Se elas são consideradas pela SMEd aptas a assumir a direção de qualquer escola, qual a razão de terem sido retiradas de onde estavam e, pelo apreço de pais e alunos, realizavam um bom trabalho?
Comenta-se que foram trocados diretores de oito das 41 escolas da rede municipal.
Novo brasão: necessidade e custo
Com relação a proposta de criação do novo brasão existe o contraponto do Instituto Histórico e Geográfico de Santo Ângelo (IHGSA), que por meio do advogado Paulo Leal, seu presidente, tem demonstrado insatisfação alegando que a medida representaria uma desconsideração com a história.
Todavia, o questionamento feito com mais força nem é esse. Trata-se de indagar pela necessidade da medida e os custos que isso envolve, já que com a implantação de um novo escudo acarretaria em mudanças nos documentos oficiais, veículos, prédios e na bandeira municipal.
Necessidade e custo. Essas são as indagações feitas com mais força. E pela manifestação das pessoas nas redes sociais da Câmara Municipal e dos órgãos de imprensa fica bem claro que a medida é muito criticada. A ver qual será a reação dos vereadores na hora do voto, pois sabe-se que pressão popular sempre influencia.
Eduardo Zimmer é novamente destaque nacional
O santo-angelense Eduardo Zimmer novamente foi destaque nacional. Desta vez, ele foi entrevistado em matéria especial do jornal O Globo, um dos principais do País, sobre o que considera o maior fator de risco cognitivo no Brasil. Zimmer afirmou que o avanço na educação atenuaria futura epidemia de demência.
O cientista gaúcho, professor da UFRGS, que está na linha de frente dos principais estudos das doenças do cérebro realizado no País, afirma que seu grupo está em busca dessa resposta.
“Em um próximo estudo na UFRGS, vamos tentar avaliar se dar educação mais tarde, como na EJA [Educação de Jovens e Adultos], funcionaria como fator protetor [contra a demência]. Ou se incentivar adultos de 50 anos a fazer faculdade também poderia ter esse efeito”, explicou.
Trabalho que pode trazer à luz ações importantes para evitar a temida epidemia de demência. Mas, lembrando que não depende apenas dos cientistas. Eles estudam, analisam, decifram soluções, mas o trabalho não pode ficar somente nas descobertas.
É preciso que o trabalho deles seja respeito e levado em consideração com investimentos necessários para aprofundamento dos estudos e ações que eles apontarem como essenciais.
Escândalo das emendas
A ação do STF em disciplinar os repasses das emendas parlamentares é justificada. Conforme matéria da Folha de São Paulo, foram R$ 118,9 bilhões investidos em 2023 e 2024. Destes, R$ 14,3 bilhões foram identificados junto ao Tesouro Nacional simplesmente como “encargos especiais”. Ou seja, recursos destinados sem a mínima transparência.
Dinheiro repassado sem descrição da obra, sem plano de aplicação e, por consequência, inexistindo a prestação de contas.
Vale lembrar, essa manobra escusa começou no governo Bolsonaro, mas ganhou ainda mais corpo na atual gestão e tornou-se quase irreversível.
Perguntar não ofende
A faca de corte de cargos perdeu o fio?
Para refletir
“O correr da vida embrulha tudo, a vida é assim: esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa, sossega e depois desinquieta. O que ela quer da gente é coragem.”
Guimarães Rosa
Só para lembrar
A Câmara de Vereadores realizou na última segunda-feira a homenagem pelo Dia da Mulher. E neste ano não teve gaiato para esquecer de comprar o buquê de flores para homenageada e pegar na mão grande o arranjo da mesa diretora. Um avanço, sem dúvida.