Custódio, Santo Ângelo – parte II
Na coluna anterior, trouxemos um fragmento sobre a fundação da sétima povoação construídas na margem esquerda do rio Uruguai, integrantes dos trinta povos missioneiros, eregidos sob o comando da congregação inaciana, insertos, a origem das gentes, localização, etc., todavia, por certo, houveram fatos e nuances determinantes na transferência da sede primeiramente plantada na margem esquerda do Ijuí, para, em momento posterior, migrar à margem direita, esta questão toma um condão intrigante, considerando que os jesuítas dominavam o conhecimento, capazes, portanto, de determinar a altitude em qualquer geografia.
Atrevemo-nos, havia tempos, em tentar desvendar a travessia da população, em forma de versos, segue: Cuia Tricentenária – Renatinho.
I – Ao Sul do Rio Ijuí-Guaçu, / Em mil Setecentos e seis, / Após vistoria, fundou-se / Santo Ângelo Custódio. / Viu-se, depois, melhor seria, / Instalá-la, noutra margem.
II – Então surgiu, empecilho: / Como atravessar toda gente, / Da nova e próspera redução? / Frutificou em mente fértil, / Algo que seria, ideia inigual, / Embora, demandasse “uma lua”!
III – Diogo Haze, experiente, / Lançou suas “pilastras,” / Plantando muitas sementes, / Gerando baraços e flores, / Solo e clima contribuíram: / Miles de porongos colheram.
IV – Diogo, imaginário astuto, Explanou as “artimanhas”, / Forneceu a cada vivente / Um produto da colheita, / Proporcional ao tamanho, / Para apoiar na travessia.
V – Aquele momento ímpar / Marcou a população, / Adultos, velhos, crianças, /Nadando de Sul a Norte, / Agarrados nos porongos, / Transmigração nunca vista.
VI – Contam legatários da raça / Que o Cacique Guarani, / Registrou em sua retina / Aquela cena magistral, / Para eternizar o momento / Enterrou porongos no quintal.
VII – Seu neto “caciquezinho” / Encontrou esse “tesouro” / Neles, os olhos do avô, / Abriu a retina, viu a cena, / Restou estupefato, maravilhado! / Lançou mão de um porongo.
VIII – Com uma lâmina, vinda / Das fornalhas de São João, / Decepou-lhe então, o tronco, / Ficou com o “seio” na mão, / Enfeitiçou-se com o formato, / Decidiu dar-lhe utilidade.
IX – Andando pra lá e pra cá / Até encontrar serventia, / Com a erva mate nativa / E uma bomba tacuapi, / Estava pronta a invenção! Nela, tomaria chimarrão.
X – A ideia, na redução se difundiu: / Felizes, os nativos mateavam / Num místico e rústico “adereço”. / Quando tupã deu a benção final / Ao Caciquezinho à partida eternal / Este enterrou a cuia, na “quinta”.
XI – Comemorando o tricentenário / Da fundação custodiense, / Prestamos nossa homenagem / Ao fundador Jesuíta, padre Diogo. / Também, àquele cacique pioneiro, / Sorvendo mate, na cuia lendária.