
É entre agulhas, linhas e tecidos que Dona Meroni dos Santos dedica sua vida há mais de 30 anos. Com ela, nascem não apenas trajes, mas pedaços de tradição que se transformam em bombachas, coletes e vestidos de prenda.
Sua casa, no bairro Haller, em Santo Ângelo, virou um verdadeiro ateliê, cheio de cultura e pilchas bonitas. Mas engana-se quem pensa que essa paixão começou agora: é uma trajetória de amor antiga. “Iniciei na costura, me meti a costurar, gastei linha de montão, eu fazia, desmanchava, até que consegui”, relembra.
No início, um dos maiores medos era cortar as peças. Com o incentivo de uma comadre, venceu o receio e colocou a mão nos tecidos. “Vou tentar. Daí comecei e não parei mais.”
Foi assim que, com apoio e dedicação, passou a construir histórias nas invernadas de dança dos CTGs de Santo Ângelo. “Finalizei a primeira bombacha e levei para o posteiro nosso na época. Ele olhou e disse: é isso que quero. Era o tempo da bombacha balão”, recorda.
As encomendas só estavam começando. Das invernadas dente de leite até as juvenis, tudo passava pelo olhar atento e profissional de Meroni. Hoje, ela trabalha principalmente com a confecção de bombachas e ajustes de vestidos de prenda. Suas criações já ganharam o estado e até o país: além de vestir figuras conhecidas no Rio Grande do Sul, como o cantor Baitaca, também envia peças para Brasília e Bahia.
O trabalho da costureira se intensifica bem antes da Semana Farroupilha, quando cada ponto ganha ainda mais urgência e significado. “Começou a chegar junho, julho, já iniciam as encomendas para a Semana Farroupilha”, explica.
Para ela, não existe emoção maior do que ver as peças prontas ganhando vida e transformando tecido em tradição e costura em orgulho. “De ver um elenco com a bombacha e vestidos entrando no palco, te dá aquele arrepio e emoção. Isso fui eu que fiz.”
Além do sustento da família, o corte e a costura representam paixão, esforço e dedicação. “Bem dizer, eu mobiliei a minha casa com o dinheiro da costura. Tudo que eu tenho aqui é da minha companheira: a minha máquina”, finaliza Meroni.
Redação Grupo Missões – Lara Santos