Correios negociam empréstimo de R$ 20 bilhões para reestruturação financeira

O presidente dos Correios, Emmanoel Schmidt Rondon, informou nesta quarta-feira (15) que a estatal está em negociações com bancos e instituições financeiras para obter um empréstimo de R$ 20 bilhões, destinado à reestruturação financeira da empresa e ao financiamento do Plano de Demissão Voluntária (PDV).
“Precisamos recuperar a liquidez da empresa para termos condições de pagar o PDV. Estamos realizando uma operação com bancos para captar os recursos necessários”, declarou Rondon, que assumiu o comando da companhia há um mês, durante coletiva de imprensa.
A operação de crédito deve contar com garantias da União e dependerá de medidas voltadas à recuperação da gestão da estatal, visando recompor as perdas acumuladas nos últimos três anos e nos dois primeiros trimestres de 2025, período em que o prejuízo atingiu R$ 2,6 bilhões entre abril e junho.
De acordo com o g1, em julho, os Correios suspenderam o pagamento de diversas obrigações para preservar a liquidez do caixa, incluindo:
- INSS Patronal – R$ 741 milhões
- Fornecedores – R$ 652 milhões
- Postal Saúde – R$ 363 milhões
- Remessa Conforme – R$ 271 milhões
- Vale-alimentação/refeição – R$ 238 milhões
- PIS/Cofins – R$ 208 milhões
- Postalis – R$ 138 milhões
- Franqueadas – R$ 135 milhões
Rondon afirmou que os R$ 20 bilhões devem garantir caixa suficiente até 2026, ampliando a margem para a reestruturação de longo prazo da empresa.
Prejuízos em série
Os Correios vêm registrando prejuízos desde 2022, com piora constante: R$ 767 milhões negativos em 2022; R$ 596 milhões em 2023; e R$ 2,59 bilhões em 2024. No primeiro semestre de 2025, o prejuízo chegou a R$ 4,37 bilhões, um aumento de 222% em relação ao mesmo período do ano anterior. No segundo trimestre, a perda foi de R$ 2,64 bilhões, quase cinco vezes maior que os R$ 553 milhões registrados no mesmo período de 2024.
“Nossa empresa não se adaptou rapidamente a uma nova realidade, e essa falta de adaptação impactou diretamente nosso resultado e a liquidez”, explicou Rondon.
O balanço divulgado apontou que fatores externos afetaram a geração de receitas, especialmente a retração do segmento internacional, consequência de alterações regulatórias nas importações, que reduziram o volume de postagens e aumentaram a concorrência. A empresa faz referência à chamada “taxa das blusinhas”, implementada pelo governo federal.
Plano de recuperação
A reestruturação financeira dos Correios será conduzida em três frentes:
- Redução de despesas operacionais e administrativas;
- Diversificação das receitas, com foco na recuperação da geração de caixa;
- Recuperação da liquidez da empresa.
Um novo PDV será aberto, embora detalhes sobre a operação não tenham sido divulgados. Além disso, a empresa planeja vender imóveis ociosos e lançar novos produtos para ampliar suas fontes de receita.