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SANTO ÂNGELO
02 de novembro de 2025
Rádio AO VIVO
Opinião

Congresso inimigo do povo

  • outubro 10, 2025
  • 2 min read

A definição de cinismo comporta um “desprezo aberto por qualquer moralidade”, um tipo de desfaçatez escancarada, quase orgulhosa. Pois bem — há poucos exemplos mais perfeitos desse conceito do que o comportamento recente de parte expressiva do Congresso Nacional.

Eleitos para representar um povo historicamente marcado por desigualdades profundas e injustiças gritantes, deputados fisiológicos e de extrema direita bloquearam a medida provisória que garantiria a compensação aos cofres públicos das isenções e descontos tributários concedidos a uma faixa que abrange cerca de três quartos da população brasileira.

A compensação seria necessária e justa, atingindo uma fração mínima de contribuintes — aqueles com maior capacidade econômica — para equilibrar a balança em favor da imensa maioria. Mas, mais uma vez, o Legislativo federal escolheu o caminho oposto: ficou contra o povo, e ao lado de quem já detém privilégios. Como bem resumiu parte da imprensa, a vitória foi das bets, dos bancos e dos bilionários.

Alguns parlamentares, travestidos de defensores da moral e dos bons costumes, atuam para desproteger os mais pobres e beneficiar justamente aqueles que arruínam a vida de milhões de brasileiros — seja pela sedução das apostas, pelos juros abusivos ou pela exploração desproporcional do trabalho.

O discurso moralista encobre uma aliança indecente entre poder econômico e poder político, sustentada por quem deveria estar ao lado do povo, mas se ajoelha diante dos grandes interesses. É o cinismo institucionalizado, que finge defender valores cristãos enquanto empurra famílias inteiras para a miséria e o desespero.

Acorda, Brasil. A política não é um reality show. O espetáculo grotesco que se desenrola em Brasília pode terminar em mais filas do osso, mais gente sem esperança, mais fome.

A política deveria servir para a construção de caminhos dignos no Brasil, recordando que sem a intervenção do Estado para distribuição de renda aos mais pobres, a direção é a patogênica concentração de riquezas, que parece ser a nossa vocação desde a travessia de Cabral.
O povo deve acreditar em quem luta por salário e trabalho dignos, não em quem convence a odiar iguais enquanto protege quem te explora.

Ainda há tempo — mas não muito.

 

Domingos Barroso da Costa (coautor)

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Andrey Régis de Melo

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