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SANTO ÂNGELO
31 de outubro de 2025
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Internacional

Cientistas descobrem “batimentos” geológicos que estão dividindo o continente africano e novo oceano pode surgir

  • outubro 14, 2025
  • 3 min read
Cientistas descobrem “batimentos” geológicos que estão dividindo o continente africano e novo oceano pode surgir

Um grupo internacional de cientistas identificou que o calor vindo das profundezas da Terra está gradualmente empurrando as placas tectônicas e esticando o solo do leste africano em movimentos cíclicos.

O estudo, publicado em junho na revista Nature Geoscience, revela que o fluxo de material quente — o manto terrestre — não é contínuo, mas ocorre em intervalos regulares, comparáveis a “batimentos de um coração geológico” sob a região de Afar, no nordeste da Etiópia.

Afar é o ponto de encontro de três grandes fendas da crosta terrestre — o Rifte da África Oriental, o Rifte do Mar Vermelho e o Rifte do Golfo de Áden. Nessa zona, as placas tectônicas se afastam lentamente, provocando a fragmentação do continente.

Os cientistas já sabiam que o manto pressionava a crosta terrestre e fazia o solo se expandir, mas não compreendiam exatamente como o processo ocorria. A nova pesquisa ajuda a explicar por que o continente africano está se dividindo e por que o ritmo de separação varia entre as diferentes regiões.

Segundo os autores, as placas tectônicas influenciam o caminho e a intensidade do calor vindo do interior do planeta. O resultado são rachaduras de vários quilômetros de extensão, algumas visíveis por satélite, que surgem à medida que o terreno se estica.

— Descobrimos que o manto sob Afar não é uniforme nem estático; ele pulsa, e essas pulsações têm assinaturas químicas distintas — explicou Emma Watts, geóloga da Universidade de Swansea (País de Gales) e líder do estudo.

Esses movimentos lentos e repetitivos funcionam como uma “respiração da Terra”: o calor sobe, o solo se expande e, com o tempo, o continente se separa. Essa mesma força interna é responsável por vulcões e terremotos que atingem a região.

Os pesquisadores analisaram mais de 130 amostras de rochas vulcânicas do nordeste da África e combinaram os dados com modelagens estatísticas avançadas. O resultado aponta para um grande reservatório de material quente, chamado pluma mantélica, subindo das camadas mais profundas da Terra.

Essa pluma apresenta faixas químicas assimétricas que se repetem como “códigos de barras geológicos”.

— As faixas químicas indicam que o manto pulsa, como um batimento cardíaco. Em regiões onde as placas se afastam mais rápido, como o Mar Vermelho, essas pulsações se propagam de forma mais eficiente — explicou Tom Gernon, professor e coautor do estudo.

Os cientistas ressaltam que o processo é natural e extremamente lento: pode levar dezenas de milhões de anos até que a separação seja completa e surja um novo oceano.

Observar o que acontece hoje no Chifre da África ajuda a entender como se formaram outros oceanos, como o Atlântico, que nasceu da fragmentação da Pangeia há cerca de 150 milhões de anos. Desde então, o antigo “rasgo” geológico continua se expandindo lentamente, afastando os continentes ano após ano.

— As próximas etapas da pesquisa buscam entender como e em que velocidade o fluxo do manto ocorre sob as placas — acrescentou Derek Keir, professor associado de Ciências da Terra nas universidades de Southampton e Florença, também coautor do estudo.

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Carolina Gomes

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