Brasileiro que jantou com cardeal Prevost comenta impressão sobre novo papa

O jornalista e vaticanista brasileiro Filipe Domingues, 38 anos, é dirigente do Lay Centre, uma residência universitária e centro de formação voltado a estudantes e jovens profissionais ligados a instituições católicas. Em maio de 2024, o então cardeal Robert Prevost participou de um jantar no Lay Centre, ao lado de Domingues e de um pequeno grupo de estudantes hispano-falantes. O encontro, porém, foi apenas o primeiro gesto de proximidade.
Seis meses depois, um novo momento marcou ainda mais pela intimidade e espontaneidade: um almoço com o hoje papa Leão XIV, em um hotel no bairro de Trastevere, em Roma, após um evento promovido pelo Lay Centre com uma entidade filantrópica dos Estados Unidos.
Desde sua chegada a Roma para chefiar um dos dicastérios da Cúria, Prevost já chamava a atenção pela postura simples e acolhedora. Domingues fez questão de convidá-lo para celebrar a tradicional missa das quartas-feiras na capela do Lay Centre, que reúne cerca de 25 pessoas. O convite foi aceito, mas surpreendeu já na chegada: Prevost recusou o motorista oferecido pela instituição e apareceu sozinho, dirigindo seu próprio carro, sem assessores ou formalidades. “Mostrou simplicidade e autonomia”, relembra Domingues. “Veio dirigindo, chegou, entrou, estacionou o carro.”
Durante a missa, fiel ao estilo do Lay Centre, os textos litúrgicos foram lidos em italiano e inglês, respeitando a diversidade da comunidade. A celebração seguiu o rito do dia, de forma discreta e acolhedora. Mas o que mais marcou a todos foi o comportamento do futuro papa: após a celebração, aceitou o convite para o jantar coletivo e se sentou em uma mesa onde o espanhol predominava. “Ele conversou com todos, sempre muito próximo dos estudantes”, destaca Domingues.
Não se tratava apenas de simpatia, havia uma entrega genuína. Prevost se mostrava leve, acessível e verdadeiramente presente. Não demonstrava pressa, tampouco se colocava em posição de autoridade distante. Ao contrário: participou de uma roda de conversa após o jantar, onde explicou o funcionamento do dicastério que então começava a liderar e respondeu, com atenção, às perguntas feitas pelos estudantes.
“Ele compartilhou sua experiência na condução do órgão e comentou as propostas do papa Francisco para o processo de consulta na nomeação de bispos. Foi uma conversa aberta e muito esclarecedora”, lembra o diretor do Lay Centre.
Fonte: g1