Bebê segue em coma sete meses após superdosagem de medicamento em hospital de Porto Alegre

O bebê que sofreu superdosagem de medicamento durante internação no Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA), no início de maio, permanece em estado de coma sete meses após o episódio. A informação foi confirmada pela família e pelo hospital à reportagem.
A situação virou caso policial depois que a família procurou as autoridades para relatar o ocorrido. A investigação foi concluída nesta semana com o indiciamento de uma técnica de enfermagem pelos crimes de administração culposa de droga e lesão corporal culposa.
A polícia entendeu que não houve intenção de causar dano ao bebê, apesar do erro. Além disso, apurou que o médico realizou a prescrição do medicamento de forma correta, ocorrendo o erro na administração, feito pela profissional da enfermagem.
Família emocionalmente abalada
Segundo a instituição, o menino segue internado em estado comatoso, sem previsão de alta. Familiares informaram que o bebê está com dano neurológico gravíssimo em razão do erro e depende de medicação contínua.
A família, que optou por não divulgar o nome da vítima, relata que os últimos meses têm sido marcados por sofrimento, angústia e exaustão emocional, diante da ausência de evolução no quadro clínico. As visitas ao hospital, segundo os parentes, tornaram-se momentos especialmente difíceis.
— É triste de ver ele nessa situação. A cabeça não fica bem depois que vamos visitá-lo — relata uma parente, que preferiu não se identificar.
Sem previsão de progresso no estado de saúde, a família ingressou com uma ação judicial contra o hospital. O processo segue em sigilo.
Relembre o caso
Segundo a 3ª Delegacia de Polícia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA), o bebê, então com um ano e dois meses, foi encaminhado ao hospital, em 5 de maio, para uma cirurgia no sistema gastrointestinal, que foi realizada com sucesso.
Dois dias após o procedimento, a criança foi transferida da unidade de tratamento intensivo (UTI) para a enfermaria pediátrica, diante da estabilidade do quadro clínico.
Naquele momento, a medicação teria sido administrada em quantidade superior à prescrita, acarretando em uma parada cardiorrespiratória e danos neurológicos no bebê, levando-o ao coma.
— Segundo a documentação hospitalar e laudo pericial do Instituto-Geral de Perícias, a prescrição feita pelo médico foi correta, ocorrendo erro na sua administração, que foi realizada pela técnica de enfermagem — disse a delegada Alice Fernandes, da 3ª DPCA.
Conforme o prontuário, a criança teria recebido uma dosagem de metadona 10 vezes superior à prescrita pela equipe médica. O medicamento é utilizado contra dor e para sedação do paciente.
Fonte: GZH

