Astronautas ”presos” no espaço chegam à Terra após nove meses

Os astronautas Butch Wilmore e Suni Williams, “presos” na Estação Espacial Internacional (ISS, na sigla em inglês) há nove meses, chegaram à Terra na tarde desta terça-feira (18). Eles pousaram na Costa do Golfo da Flórida, nos EUA, às 18h57min (no horário de Brasília), cerca de 17 horas depois da partida – desacoplamento do veículo da ISS – que ocorreu à 2h05min.
Assim se encerra a missão da dupla, que começou em junho de 2024 e deveria ter durado apenas oito dias, mas se prolongou por 287 dias.
A viagem de volta foi feita na cápsula Dragon Freedom da missão Crew-9, da SpaceX, da qual a dupla fez parte junto com Nick Hague, da Nasa, e o cosmonauta russo Aleksandr Gorbunov. Hague e Gorbunov foram para a ISS em 28 de setembro com dois lugares vagos na nave, exatamente para possibilitar a volta dos colegas.
O processo de desorbita e entrada na Terra aconteceu pouco depois das 18h e, durante alguns minutos, a Nasa perdeu a comunicação com a cápsula. As interrupções foram tratadas como dentro da normalidade.
Na sequência, os paraquedas da cápsula foram acionados e a estrutura pousou no oceano no horário previsto inicialmente. Na sequência, a Crew-9 foi içada para um navio e a cápsula foi aberta. Os ocupantes foram retirados de maca, mas acenaram para as câmereas.
Crew-9
O foguete que fez a viagem de volta à Terra está disponível na ISS desde setembro, entretanto, para deixarem a estação, os astronautas precisariam “passar a guarda” para uma nova equipe, a Crew-10, que deveria ter chegado em fevereiro, mas teve o lançamento adiado duas vezes.
Esta troca de equipe é fundamental para que os astronautas repassem pendências e garantam a continuidade da ISS, que depende de uma equipe responsável pela manutenção e pelo ajuste de órbita.
Relembre o caso
Butch Wilmore e Suni Williams viajaram para a ISS no primeiro voo tripulado da cápsula Starliner, da Boeing, em junho de 2024. Ela deveria trazê-los de volta à Terra oito dias depois, mas problemas detectados em seu sistema de propulsão levaram a Nasa a questionar a sua confiabilidade. A principal preocupação era de que a Starliner não conseguisse alcançar o impulso necessário para sair da órbita e iniciar a descida à Terra.
A Nasa decidiu trazer de volta a cápsula vazia e reposicionar os astronautas para uma missão com a SpaceX que já estava planejada, a Crew-9. Esta missão começou em 28 de setembro, quando o astronauta, Nick Hague, e o cosmonauta russo, Aleksandr Gorbunov, foram para a ISS. Apenas os dois partiram, para deixar dois assentos vazios para o retorno de Wilmore e Suni.
Substituição da equipe
A equipe permaneceu lá até o retorno planejado à Terra em fevereiro deste ano, quando uma nova equipe, da Crew-10, chegaria para substituir a anterior. Contudo, a SpaceX precisou de mais tempo para preparar a nova cápsula para a decolagem.
No dia 12 de março a Crew-10 seria lançada, mas cerca de 45 minutos antes da decolagem, Nasa e SpaceX adiaram novamente a missão devido à um problema com o sistema hidráulico em terra.
A Crew-10 foi finalmente lançada ao espaço no dia 14 de março, com uma nova equipe, composta por dois astronautas da Nasa, Anne McClain e Nichole Ayers; um japonês, Takuya Onishi; e o cosmonauta russo Kirill Peskov. Eles chegaram no domingo à ISS.
Na madrugada desta terça (18) a equipe da Crew-9, (Wilmore, Williams, Hague e Gorbunov) desacoplou da ISS e iniciou seu retorno à Terra.
Quem são os astronautas
Butch e Suni, como são chamados carinhosamente, têm larga experiência em expedições à ISS. Antes da missão atual, Butch já havia passado um total de 178 dias no espaço, enquanto Suni acumulava 322 dias, segundo a Nasa.
A astronauta foi selecionada pela agência em 1998, enquanto Wilmore conseguiu o seu aceite em 2000, após receber três negativas para fazer parte da equipe da agência
Barry “Butch” Wilmore
Nascido no Estado do Tennessee, Butch Wilmore, 62 anos, se formou e fez mestrado em Engenharia Elétrica pela Universidade Tecnológica do Tennessee. Posteriormente, fez outro mestrado, em sistemas de aviação pela Universidade do Tennessee.
Além de astronauta da Nasa, Wilmore serve à Marinha, onde atualmente é capitão. Em sua trajetória, ele acumulou 8 mil horas de voo em aviões a jato tático, completou quatro missões operacionais e também se formou na Escola de Pilotos de Teste Naval dos EUA.
Os seus 178 dias no espaço foram acumulados em suas duas missões anteriores, realizadas em 2009 e 2014, sendo que na segunda esteve à frente do comando da ISS.
Sunita “Suni” Williams
Suni Williams nasceu em Ohio, em setembro de 1965, e é bacharel em Ciências Físicas pela Academia Naval dos Estados Unidos. Se formou mestre em Gestão de Engenharia pelo Instituto de Tecnologia da Flórida. Assim como Butch, a astronauta serviu à Marinha, onde acumulou mais de 3 mil horas de voo em mais de 30 aeronaves diferentes.
Aos 59 anos, Suni tem uma experiência ainda mais extensa no espaço do que o colega, com 322 dias em órbita, divididos entre suas missões de 2006 e 2012. Em 30 de janeiro deste ano, tornou-se a astronauta mulher com o maior tempo acumulado em caminhadas espaciais, somando 62 horas e 2 minutos, ultrapassando o recorde anterior de Peggy Whitson.
Quem ficou mais tempo no espaço
Apesar de a estadia no espaço de Butch Wilmore e Suni Williams ter sido longa, eles não superaram o recorde do astronauta americano Frank Rubio, que passou 371 dias a bordo da ISS entre 2022 e 2023, muito mais do que os seis meses inicialmente previstos, devido a uma falha detectada na nave russa que deveria transportá-lo de volta.
O recorde mundial de permanência no espaço pertence ao cosmonauta russo Valeri Poliakov, que retornou à Terra em 1995, depois de passar 437 dias a bordo da estação espacial Mir, da antiga União Soviética.
Fonte: GZH