Seis anos após o último levantamento, o analfabetismo funcional segue como um dos principais desafios educacionais do Brasil. Na região Sul, três em cada dez pessoas entre 15 e 64 anos não conseguem compreender frases simples nem realizar operações matemáticas básicas.
De acordo com os dados mais recentes do Indicador de Alfabetismo Funcional (Inaf), 35% dos habitantes dessa faixa etária no Sul são considerados analfabetos funcionais. O índice é superior à média nacional, de 29%, e fica atrás apenas do Nordeste, que registra 42%.
O levantamento, referente a 2024, não detalha os dados por estado, apenas por região. Ainda assim, revela uma realidade preocupante. O analfabetismo funcional compromete o desenvolvimento de habilidades básicas como leitura, escrita, interpretação de texto e raciocínio matemático – competências essenciais para a vida cotidiana.
Sem o domínio dessas capacidades, pessoas enfrentam barreiras para acessar o mercado de trabalho, interpretar informações de saúde, apoiar a educação dos filhos e exercer plenamente sua cidadania. Além disso, estão mais vulneráveis à desinformação e à exclusão digital.
Níveis de alfabetização
O Inaf classifica os entrevistados em cinco níveis: analfabeto, rudimentar, elementar, intermediário e proficiente. Os dois primeiros – analfabeto e rudimentar – compõem o grupo de analfabetos funcionais. No Sul, 30% estão no nível rudimentar e 5% no nível analfabeto.
A pesquisa foi feita com uma amostra de 2,5 mil pessoas em todo o país, incluindo 371 moradores da região Sul. Os testes avaliaram a capacidade de ler, interpretar e aplicar informações escritas e numéricas em situações reais, inclusive em ambientes digitais, como o uso de aplicativos e formulários online.
Diferentemente de pesquisas como o Censo e a PNAD, que se baseiam na autodeclaração, o Inaf aplica provas práticas. Por isso, seus dados são considerados mais precisos para medir o nível real de alfabetização da população.
O estudo é coordenado pela Ação Educativa e pela consultoria Conhecimento Social, com correalização da Fundação Itaú, Fundação Roberto Marinho, Instituto Unibanco, Unesco e Unicef.