
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) cancelou a entrevista que concederia ao portal Metrópoles nesta terça-feira (23/12). O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), havia autorizado a conversa na Superintendência da Polícia Federal, em Brasília, onde Bolsonaro está preso desde 22 de novembro, após queimar a tornozeleira eletrônica.
Em bilhete escrito à mão, Bolsonaro comunicou à coluna de Paulo Cappelli, do Metrópoles, que não participaria da entrevista. “Informo que não concederei entrevista nesta data, por questões de saúde”, escreveu.
No mesmo dia, a defesa do ex-presidente solicitou ao STF a transferência de Bolsonaro da sede da Polícia Federal para um hospital particular da capital federal. O pedido prevê a internação na quarta-feira (24), no hospital DF Star, para a realização de exames preparatórios para uma cirurgia marcada para quinta-feira (25).
No documento enviado ao Supremo, os advogados afirmam que a solicitação atende à indicação da equipe médica e à perícia realizada pela Polícia Federal. Segundo a defesa, a internação antecipada é necessária para a realização dos procedimentos prévios à cirurgia.
Após o pedido, a Procuradoria-Geral da República (PGR) tem prazo de 24 horas para se manifestar. Em seguida, caberá ao ministro Alexandre de Moraes decidir sobre a autorização da saída de Bolsonaro.
O relator já havia autorizado a realização do procedimento cirúrgico após a perícia da Polícia Federal confirmar o diagnóstico apresentado pela equipe médica do ex-presidente. Moraes informou que encaminhou o pedido à PGR e solicitou que a defesa detalhasse a equipe médica e a unidade hospitalar responsáveis pela cirurgia.
A perícia médica, realizada pelo Instituto Nacional de Criminalística da Polícia Federal, concluiu que Bolsonaro apresenta hérnia inguinal bilateral, condição que afeta ambos os lados da região da virilha e exige intervenção cirúrgica.
De acordo com o laudo, a cirurgia é classificada como eletiva, sem caráter de urgência ou emergência. Ainda assim, os peritos recomendaram a realização do procedimento o mais breve possível para evitar agravamento do quadro. A avaliação aponta piora progressiva da hérnia, possivelmente relacionada ao aumento da pressão intra-abdominal causado por episódios de soluços e tosse crônica.
A autorização para a cirurgia foi concedida por Alexandre de Moraes na última quinta-feira (19), ocasião em que o ministro também negou o pedido de prisão domiciliar apresentado pela defesa. O pedido formal para agendamento da cirurgia, no entanto, só foi protocolado nesta terça-feira (23).

