Temporal em Erechim causa alta no preço das telhas, falta de estoque e escassez de mão de obra

O temporal de granizo que atingiu Erechim no último domingo (23) provocou uma corrida por telhas, elevou preços e reduziu os estoques nas lojas da cidade. Em alguns estabelecimentos, a alta ultrapassa 20%, e a entrega imediata se tornou um diferencial.
Telhas de fibrocimento, que antes custavam entre R$ 76 e R$ 79, agora chegam a R$ 99, dependendo do tamanho e da disponibilidade. Já as telhas metálicas, como as de aluzinco, ultrapassam R$ 3 mil para cobrir uma residência de 85 metros quadrados.
A maioria das empresas está sem produtos à pronta entrega e aguarda novas cargas nos próximos dias.
De acordo com boletim da Defesa Civil divulgado às 7h desta quinta-feira (27), o município registra dois desabrigados, 296 feridos e 41.815 pessoas afetadas, de 10.490 famílias. Erechim decretou situação de emergência.
Em Passo Fundo, a JR Cimento vendeu 20 mil telhas em apenas duas horas na segunda-feira (24). A produção foi triplicada para atender à demanda — hoje, a fábrica chega a 40 toneladas por dia —, mas a normalização dos estoques deve ocorrer somente na próxima semana.
Além da falta de material, falta mão de obra especializada. Telhadistas estão com agendas lotadas desde o temporal.
“Desde segunda-feira não paramos. Tenho mais de 30 pedidos e estou atendendo primeiro os casos mais urgentes. Falta gente para toda a cidade”, relatou Thiago da Rosa, profissional do setor há mais de dez anos.
Entre os moradores afetados está Francisco Lima, que busca telhas com entrega ainda nesta semana, mas não encontrou disponibilidade.
“Já fui em seis lojas, e todas informaram que só conseguem entregar na próxima semana. Estou preocupado porque deve chover de novo, e minha casa está coberta apenas com lona. Vou reforçar a lona e proteger os móveis para não molharem”, disse.
A Climatempo prevê pancadas isoladas de chuva nesta quinta (27) e sexta (28), com volumes de até 2 mm. Na segunda-feira (1º), há previsão de novo temporal, com até 30 mm acumulados.
A distribuição de telhas pela prefeitura iniciou nesta quinta-feira, por meio de vouchers destinados às famílias mais vulneráveis, conforme critérios da Defesa Civil e da Assistência Social. Equipes continuam cadastrando imóveis danificados.
O município também pede voluntários para auxiliar na triagem, descarregamento e instalação de telhas. Interessados devem comparecer ao GRAU, na Avenida Caldas Júnior, 597, no bairro Três Vendas.
Cidades vizinhas da Associação dos Municípios do Alto Uruguai (Amau) enviaram reforço: mais de 200 profissionais de 31 prefeituras atuam nos reparos.
“Principalmente carpinteiros e pedreiros, que já foram para escolas, UBS e hospitais resolver as demandas públicas. Depois, seguem para atender as casas das famílias mais necessitadas”, afirmou o presidente da Amau, Vannei Mafissoni.
Os municípios da Amau também doam materiais, mas, segundo Mafissoni, a maior necessidade é mão de obra qualificada:
“Quando se fala em mais de 10 mil pessoas desalojadas, imagine quantos telhados isso representa. Quem puder enviar profissionais para cá vai ajudar muito.”
Fonte: gzh

