
A primavera chegou ao Rio Grande do Sul e, com ela, trouxe chuva e esperança de trégua no clima para a próxima safra de verão. Mas não por muito tempo, apontam projeções climáticas. Depois de três estiagens nos últimos cinco anos, as lavouras gaúchas correm risco de enfrentar novamente períodos de seca, ainda que regionais e com curta duração, entre dezembro e janeiro.
É o que indicam o APEC Climate Center (APCC), instituto de pesquisa na Coreia do Sul, e a Nottus, empresa de inteligência de dados e consultoria meteorológica. A probabilidade da ocorrência de La Niña entre outubro e dezembro é de 65%. O fenômeno, vale lembrar, é natural e consiste na diminuição da temperatura da superfície das águas do Oceano Pacífico. No Rio Grande do Sul, influencia na alteração do regime de precipitações, causando escassez hídrica.
Entre os três últimos meses do ano, dezembro deve ser o mais seco, especialmente na metade sul e no oeste do Estado. Ainda assim, a Nottus reforça que o quadro geral é mais ameno do que o vivido na última safra, marcada por estiagens severas que castigaram a produção gaúcha. Principal produto agrícola do Estado, a soja registrou quebra de 27,4% na produção, se comparado com o ciclo anterior, totalizando 13,2 milhões de toneladas.
Assistente técnico de culturas da Emater, Alencar Rugeri também enxerga pela perspectiva do copo meio cheio:
— O prognóstico não é o melhor, mas há um alento. Porque o pior momento para ocorrer uma estiagem é entre janeiro e fevereiro, quando ocorre a maior parte da floração das lavouras e, portanto, quando se define a produtividade.
Para o plantio, no entanto, as notícias são boas: a chuva da primavera deve garantir um solo úmido, ideal para a semeadura das lavouras, que ocorre entre outubro e novembro. Para esta safra, a Emater estima uma produção de grãos de verão (soja, milho, arroz e feijão) em 35,32 milhões de toneladas, aumento de 27,3% sobre a do ano passado.
Fonte: GZH coluna Gisele Loeblein