Autópsia, quantia, recorde
Autópsia e necropsia – há diferença? Há, mas hoje… Autópsia, com sílaba tônica no o, tem o prefixo grego “autós”, que significa “auto”, por si mesmo ou por si mesma, por ele próprio ou ela própria. Necrópsia, paroxítona com cor vermelha na tela do computador e sílaba tônica no “ó”, mas existe como sinônima de necropsia, oxítona, com sílaba tônica no “i’, preferida no uso, tem o prefixo grego “necrió”, o qual significa exame de cadáver.
Houve tempo em que gramáticos diziam que se deveria usar necropsia e não autópsia porque necropsia significava e significa alguém outro – médico, perito policial ou outro profissional específico da área – em caso de morte de alguém fazer o exame no cadáver. Autópsia tinha e tem o significado de o próprio cadáver fazer em si o exame. Hoje em dia os gramáticos, um deles Celso Pedro Luft em ABC da Língua Culta, sugerem que se use o termo autópsia como sinônimo de necropsia e pronto.
Muitos comunicadores de televisão e de rádio que transmitiram a morte da brasileira na Indonésia em junho passado diziam que as autoridades de lá iriam fazer nova autópsia no cadáver da brasileira acidentada. Resumindo: use-se autópsia com o significado de autópsia e também com o de necropsia. Por quê?Popularizou-se esse uso. E por que mais? Quem faz a língua – faz a língua existir, viver, evoluir ou morrer – é o povo e não o gramático.
Quantia e quantidade. Quantia refere-se a dinheiro, à soma ou monte em dinheiro. Há deputados federais com bojudas quantias de reais nos bancos e nos sorrisos – mesmo que falsos. E quantidade se usa para todos os demais casos. Há nos campos de guerras quantidades de destroços de casas, prédios… Brasileiros probos e patriotas esgotaram a paciência – não suportam mais essas quantidades inúteis de deputados federais! Muitos deles antipopulares e antipatriotas! Apodrecendo…
Recorde. Recorde aqui não é forma verbal eu e ele no presente do subjuntivo – que eu recorde, que ele recorde –, mas substantivo, com a mesma pronúncia em nível culto em português, ou seja, pronúncia paroxítona, sílaba forte no o, no o da segunda sílaba – /cor/. Significa realização ou proeza que ultrapassa as conseguidas anteriormente. Deriva de recordista. Existe em São Paulo uma emissora de rádio e de televisão chamada Record, nome inglês, mas seus locutores e apresentadores pronunciam as notícias em português – recorde.
Por outro lado, há locutores e apresentadores na TV Globo e na RBS e também um e outro em Santo Ângelo que pronunciam à moda inglesa – récord, récorde, bater récorde, houve récorde de audiência…Tchê, assim não! Valorizemos o português. Pronúncia portuguesa correta: recorde. Sílaba forte: cor.