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SANTO ÂNGELO
15 de outubro de 2025
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Estado

Preço da carne bovina sobe quase 35% no Rio Grande do Sul em um ano

  • setembro 22, 2025
  • 4 min read
Preço da carne bovina sobe quase 35% no Rio Grande do Sul em um ano

O bife de cada dia e o churrasquinho do fim de semana já foram menos indigestos no bolso. O preço da carne bovina subiu 34,8% em um ano no Rio Grande do Sul, comparando-se a variação registrada entre agosto de 2025 e o mesmo mês do ano passado. Conforme dado do Núcleo de Estudos em Sistemas de Produção de Bovinos de Corte e Cadeia Produtiva (NESPro), da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), ficou mais caro comer carne, e deve ficar ainda mais.

Uma combinação entre demanda mundial aquecida e caminhos abertos para a exportação explica o patamar atual. Os quatro maiores produtores de carne do mundo, Estados Unidos, Brasil, Austrália e Argentina, enfrentam redução em seus rebanhos. Isso faz com que haja menos oferta, ao passo em que o consumo segue igual.

O apetite pela entrega internacional é o que faz explicar, também, o impacto não confirmado das taxações dos Estados Unidos sobre a produção brasileira. Ainda que o consumidor local nutrisse alguma expectativa, especialistas da indústria já alertavam que a baixa de preços no mercado interno não deveria se concretizar.

Coordenador do NESpro, o professor Júlio Barcellos confirma a avaliação. Tão logo se deram as taxações e os compradores norte-americanos puxaram o freio, o Brasil realocou suas vendas para outros mercados, a exemplo do México.

— Como havia uma demanda mundial, o Brasil facilmente redirecionou os cortes para outros mercados após o tarifaço dos EUA. O consumidor que esperava a queda na gôndola não a viu acontecer. Porque não é um efeito imediato — diz Barcellos.

No Rio Grande do Sul, que quase não exporta carne bovina, o efeito da demanda aparece direto no campo. E se associa ao endividamento rural:

— Tem muito produtor que está vendendo gado que ainda não é para abate, aumentando a exportação de gado vivo, o gado em pé. Para o produtor que está sem crédito, se coloca como uma alternativa — lembra o professor.

Além disso, há fatores de mercado que entram na conta. Os preços pagos aos pecuaristas não subiram no mesmo nível dos preços pagos pelo consumidor.

— Se fossem transferidos os ganhos dentro da propriedade, o consumidor deveria estar pagando abaixo do que paga hoje. Ou seja, houve uma apropriação de margens por outros elos da cadeia, como varejo e frigorífico — diz Barcellos.

O cenário de alta é geral nas proteínas, com aumentos também expressivos na carne de frango e na suína, por conta da abertura de novos mercados globais. A alta é de 34,3% no lombo suíno, segundo o NESpro. E de 6,45% no frango em pedaços, conforme pesquisa do IBGE para Porto Alegre e Região Metropolitana.

O coordenador do NESpro adianta a possibilidade de uma nova alta de preço na carne bovina, entre 3% e 5%, ainda nos próximos 45 dias, incrementada pelo aumento no preço do boi.

— Certamente os frigoríficos vão transferir ao varejo, ainda como reflexo da escassez, já que o Brasil está exportando muito.Mesmo com os quase 35% de aumento, o consumo continua estável. São 26 quilos de consumo per capita ao ano no Rio Grande do Sul. Além disso, a predileção pelos cortes está associada ao poder de compra. Se a economia reagir, é possível que a demanda pela carne amplie ainda mais.

A carne moída de segunda, uma das mais consumidas, custava R$ 25,70 o quilo em agosto, o mesmo preço já praticado cinco meses atrás, em março. Um ano atrás, custava R$ 18, no entanto – alta de 42,8%. Já a picanha foi o corte que menos subiu de preço. Custava R$ 76 em agosto passado, saltando para R$ 87 em agosto deste ano – variação de 14,5%. Em março, custava R$ 100.

Fonte: GZH 

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Lara Santos

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