Brasil produzirá vacina contra vírus sincicial respiratório e medicamento para esclerose múltipla
O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, assinou nesta quarta-feira (10) um acordo de transferência de tecnologia que permitirá ao Brasil produzir a vacina contra o vírus sincicial respiratório (VSR). O imunizante será incorporado ao Sistema Único de Saúde (SUS), com início da distribuição previsto para a segunda quinzena de novembro, voltado para gestantes e bebês.
As primeiras 1,8 milhão de doses, adquiridas por meio de parceria entre o Instituto Butantan e a farmacêutica Pfizer, devem ser entregues até o fim de 2024. O envio aos estados e municípios possibilitará a organização dos calendários locais de vacinação, com aplicação em unidades de saúde.
Segundo o Ministério da Saúde, o imunizante pode prevenir cerca de 28 mil internações por ano e beneficiar aproximadamente 2 milhões de recém-nascidos, já que o VSR responde por 80% dos casos de bronquiolite e 60% das pneumonias em crianças menores de dois anos.
Atualmente, o Comitê Técnico Assessor do ministério, alinhado às recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS), indica a aplicação a partir da 28ª semana de gestação. A imunização materna garante a transferência de anticorpos ao bebê, oferecendo proteção nos primeiros meses de vida — período de maior risco.
Produção nacional de medicamento contra esclerose múltipla
Além da vacina, foi anunciada a produção nacional do natalizumabe, medicamento biológico usado no tratamento da esclerose múltipla. A transferência de tecnologia será feita da farmacêutica Sandoz para o Instituto Butantan.
O SUS oferece o natalizumabe desde 2020, mas atualmente apenas uma empresa possui registro no país. Com a nova Parceria para o Desenvolvimento Produtivo (PDP), o governo pretende ampliar a concorrência, reduzir custos e garantir segurança no fornecimento.
A esclerose múltipla atinge cerca de 40 mil brasileiros e 2,8 milhões de pessoas no mundo. O natalizumabe é indicado para a forma remitente-recorrente de alta atividade, que representa 85% dos casos.
Soberania e fortalecimento do SUS
Durante o anúncio, o ministro Alexandre Padilha destacou a importância das parcerias para reduzir a dependência externa e fortalecer a indústria nacional de saúde.
“Nós vamos incorporar ao sistema de saúde uma vacina contra o vírus sincicial respiratório, fruto de uma cooperação entre o Ministério da Saúde, o Instituto Butantan, o governo de São Paulo e a indústria internacional. Nada disso foi obstáculo para construirmos esse arranjo, assinarmos o contrato e oferecermos, ainda este ano, proteção gratuita às gestantes e aos recém-nascidos brasileiros”, afirmou.
As medidas fazem parte da estratégia do governo federal para expandir o Complexo Econômico-Industrial da Saúde, que prevê investimentos de R$ 57,4 bilhões em até dez anos, com a meta de produzir no país 70% das vacinas, medicamentos e equipamentos utilizados pelo SUS.
A assinatura ocorreu durante a posse do novo diretor-presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Leandro Safatle, e de dois novos diretores da instituição, em Brasília.
Fonte: gov
