
A cidade de Giruá enfrenta um grave surto de cinomose, doença viral altamente contagiosa entre cães, que já provocou dezenas de mortes de animais, especialmente os que vivem em situação de rua. A situação foi denunciada pela Associação Amiga dos Animais (AMA), que afirma não ter mais condições de atender à demanda.
Conforme a presidente da ONG, Denise de Almeida Machado, desde julho os primeiros casos foram confirmados e o número de animais infectados aumentou rapidamente. Atualmente, cerca de 50 cães estão em tratamento, mas o número de óbitos pode ser ainda maior, já que muitos casos não chegam ao conhecimento da entidade.“Calculamos que existam cerca de 100 animais de rua em Giruá, mas metade deles já pode estar contaminada”.
“Muitos casos não chegam para nós. As pessoas não tratam, acham que é uma virose, a pessoa acha que o animal está doente, comeu alguma coisa que fez mal, foi envenenado”, reforça Denise.
Denise destaca que é por conta dessa falta de conhecimento, que uma campanha do poder público que reforça a conscientização seria de extrema importância.
“Divulgando o que é a doença, quais são as precauções, quais são os perigos desse vírus, quanto tempo fica incubado, quais são as medidas que eles deveriam ter tomado, vacinação em massa da população, especialmente dos animais em situação de rua, que nós temos um monte”, enfatiza a presidente.
A presidente destaca que um dos principais problemas que a ONG enfrenta é a falta de um local adequado para os animais de rua de Giruá, sobretudo, os infectados. Segundo ela, quanto mais tempo em ambiente aberto, mais circulação do vírus.
“A gente entrou em contato já no início do mês de agosto, com a secretaria de Meio Ambiente, solicitando um espaço, um lugar para fazer o isolamento desses animais e o tratamento, e foi nos passados que não tem lugar, que eles não têm lugar para acolher”, relembra.
A voluntária enfatiza que um ambiente adequado é crucial. “Onde esses animais forem colocados, precisa ser piso, pois com qboa o vírus morre. Ele não mata no chão, por isso, tem que tirar esses animais do contato com os outros animais que estão bons, que estão sadios, então, essa é a nossa preocupação urgente. E a vacinação em massa, tratamento veterinário”.
Dificuldades financeiras
A AMA, conta com apenas quatro voluntárias atuando diretamente, e enfrenta dívidas e dificuldades financeiras para manter os tratamentos. “O custo médio com cada animal em tratamento, fica em torno R$200,00, isso a gente medicando só com antibiótico e as vitaminas, sem levar ao veterinário, nós mesmas fazendo esse tratamento”, comenta Denise.
Ajuda da comunidade
A presidente da AMA reforça que a comunidade pode ajudar diretamente. “Então, a vacina custa 50 reais, mas é só para o animal que não está doente, nós temos o problema de imunizar os que estão bons e temos o problema de tratar os doentes, é dois problemas, imunizar e informar a população”.
O caso foi encaminhado ao Ministério Público, que recebeu pedido formal de providências. A entidade solicita medidas urgentes como campanhas de vacinação em massa, contratação emergencial de veterinários e disponibilização de espaço público para acolher os animais doentes.
O que é cinomose
Causada pelo vírus da cinomose canina (CDV), ela se espalha por contato direto com secreções de animais infectados e pode comprometer diversos sistemas do corpo, como o respiratório, gastrointestinal e, mais gravemente, o neurológico, resultando em sintomas como febre, secreções, tosse, convulsões e paralisias. A transmissão da cinomose pode acontecer de diferentes formas, principalmente pelo ar. Há outras formas de transmissão da doença, como o contato direto com o cão infectado, com as secreções nasais desses animais e superfícies ou objetos, como brinquedos, acessórios, bebedouros e comedouros.
A Redação do Grupo Missões aguarda a manifestação da Prefeitura de Giruá.