
Está na mesa do presidente Luiz Inácio Lula da Silva a proposta de renegociação da dívida dos produtores rurais. A medida foi tema de reunião convocada para esta quinta-feira (4), com a participação do ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, do ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, e do secretário de Política Econômica da Fazenda, Guilherme Mello, que vem dialogando com representantes do agronegócio no Rio Grande do Sul.
O ministro Paulo Teixeira confirmou o encontro, mas evitou detalhar os termos da proposta que será encaminhada a Lula. Ele adiantou apenas que a medida terá alcance nacional, não restrito aos produtores gaúchos. A expectativa é de que o anúncio ocorra já nesta sexta-feira (5), durante a cerimônia oficial da Expointer.
— Não será uma medida tímida. Creio que será algo muito abrangente, na direção de alongamento do perfil da dívida. O problema do endividamento atinge todo o país. As mudanças climáticas bateram na nossa porta — declarou Teixeira em entrevista ao Gaúcha Atualidade da Expointer, pouco antes de viajar a Brasília.
Desde a semana passada, governo federal e entidades do setor rural vêm trocando propostas e contrapropostas. A mais recente, apresentada pelos ministérios, prevê prazo de oito anos para pagamento, com um de carência, e juros de 6% para pequenos, 8% para médios e 10% para grandes agricultores e pecuaristas. O valor total a ser renegociado pode chegar a R$ 12 bilhões.
Na proposta inicial, o governo sugeria prazo de sete anos, valor de R$ 10 bilhões e as mesmas taxas de juros. Já o setor rural defende condições mais brandas: juros de 4%, 6% e 8%, dez anos para pagamento, dois de carência e limite de até R$ 25 bilhões ao longo de dois anos.
O elevado endividamento dos produtores do Rio Grande do Sul tem impactado, inclusive, as negociações na Expointer. Em 2024, a feira alcançou R$ 8,1 bilhões em prospecções de crédito, número que pode não se repetir neste ano.