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SANTO ÂNGELO
15 de agosto de 2025
Rádio AO VIVO
Opinião

A bomba, a escola e a radicalização

  • agosto 8, 2025
  • 2 min read

O que antes parecia distante agora assombra nossos voos e nossas salas de aula.

Nesta semana, uma ameaça de bomba dentro de um avião da Azul — que partiu de São Luís com destino a Campinas — obrigou um pouso de emergência em Brasília. No bilhete deixado no banheiro, o pânico silencioso de um possível ataque terrorista.

Em Novo Hamburgo, escolas foram evacuadas por ameaças de atentado. Crianças amedrontadas, pais em desespero, e a educação tomada de assalto pelo medo.

Esses episódios não são isolados. São ecos de uma cultura de violência que já fez morada por aqui — e que, até pouco tempo atrás, parecia exclusividade dos Estados Unidos: o país dos tiroteios em massa, do armamento doméstico e das fantasias de supremacia. O país refúgio dos que se alimentam politicamente de um ódio ofídico que envenena o Brasil.

Só que o Brasil importou mais do que fast food e filmes de ação. Importou também o discurso bélico, o culto à masculinidade armada, a retórica do inimigo interno.

Alimentados por uma política extremista de ultradireita, discursos de ódio tomaram os palanques, as telas e os grupos de “zap”. E, como se sabe, o ódio tem filhos: o medo, a intolerância, a violência simbólica — e, cada vez mais, a física.

Não estamos diante de “brincadeiras de mau gosto”, nem de “casos isolados”. Estamos diante do resultado de anos de uma radicalização muito bem estruturada.

É hora de parar de fingir que vivemos tempos normais. O terror deve ser enfrentado com educação, laços sociais fortes, políticas públicas para jovens e, por sinal, sem anistia.

Se aceitarmos a barbárie como rotina, a bomba no avião será apenas o prelúdio de um país que escolheu se perder. Ainda é tempo de mudar a rota.

Como nos alerta o professor Domingos Barroso da Costa, “é preciso muita atenção para o ódio, seus subprodutos e suas inesgotáveis possibilidades de reciclagem”. Ignorar esse alerta é permitir que o Brasil se transforme num espelho rachado de tudo o que há de pior lá fora, talvez esteja na hora de retomarmos, ainda que simbolicamente, a nossa vocação para o samba dos botecos e o futebol das arquibancadas democráticas.

 

 

 

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Andrey Régis de Melo

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