Lula admite limites em disputa com Trump e defende cautela nas negociações

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) reconheceu neste domingo (3) que as negociações com os Estados Unidos sobre as novas tarifas impostas pelo presidente Donald Trump exigem cautela, pois há “limites” para o enfrentamento.

Segundo Lula, a diplomacia impõe restrições: ele não pode dizer tudo o que gostaria, apenas o que considera possível no momento. “Eu não posso falar tudo que eu acho que devo falar, tenho que falar o que é possível, porque temos que dizer aquilo que é necessário”, afirmou. O presidente tem recebido críticas por declarações consideradas duras contra o republicano.

O cenário ficou mais tenso após Trump anunciar uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros e impor sanções ao ministro Alexandre de Moraes, com base na Lei Magnitsky — legislação usada para punir estrangeiros acusados de violar direitos humanos ou atos de corrupção.

Na sexta-feira (1°), Trump disse à imprensa que Lula poderia telefonar “quando quisesse”. Horas depois, o petista declarou que seu governo “sempre esteve aberto ao diálogo”. Apesar disso, os dois líderes ainda não conversaram diretamente desde o anúncio da sobretaxa.

Durante o encerramento do evento nacional do PT, em Brasília, Lula afirmou que a defesa da soberania brasileira incomoda “pessoas que acham que mandam no mundo”, sem mencionar diretamente Trump.

O presidente também citou uma frase do cantor e compositor Chico Buarque para resumir sua visão sobre a política externa: “Eu gosto do PT porque ele não fala fino com os Estados Unidos, nem grosso com a Bolívia. A gente fala em igualdade de condições com os dois. Essa que é a lógica da política.”