Cid reafirma que Bolsonaro leu minuta golpista durante reunião

O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), afirmou ao Supremo Tribunal Federal (STF), nesta segunda-feira (14), que o ex-assessor internacional da Presidência, Filipe Martins, apresentou uma minuta de teor golpista ao então presidente e aos comandantes das Forças Armadas.
O depoimento de Cid ocorre na condição de informante do juízo, durante audiências relacionadas aos núcleos 2, 3 e 4 da suposta tentativa de golpe de Estado investigada pela Polícia Federal.
Segundo o militar, Martins levou um jurista ao Palácio da Alvorada e, juntos, apresentaram o documento a Bolsonaro. Durante a reunião, o ex-presidente teria sugerido alterações, que foram feitas por Martins em tempo real, diretamente no computador.
Cid detalhou que a minuta era dividida em duas partes: uma com os “considerandos”, que listavam supostas interferências do STF e do TSE no governo e no processo eleitoral; e outra com os artigos, que sugeriam ações como prisão de autoridades, decretação de novas eleições e outras medidas.
Ainda de acordo com o depoimento, uma segunda reunião ocorreu com a presença dos então comandantes das Forças Armadas, ocasião em que os “considerandos” do texto foram projetados e discutidos.
A defesa de Filipe Martins nega qualquer envolvimento com a chamada “minuta golpista”.
Cid reiterou não ter conhecimento de um plano efetivo para executar um golpe. Segundo ele, seu relato se limita às reuniões das quais participou com Bolsonaro, sem referência a etapas concretas de implementação.