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SANTO ÂNGELO
15 de agosto de 2025
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Opinião

Racismo e sexismo no poder

  • maio 30, 2025
  • 2 min read

A recente convocação da ministra Marina Silva pelo Senado Federal acende novamente o alerta sobre como o gênero e a raça ainda moldam quem pode — e quem não pode — ocupar os espaços de poder no Brasil.

O caso vai além da política ambiental: escancara o funcionamento de uma lógica institucional que reitera desigualdades históricas mesmo sob o manto da democracia.

Ainda é preciso repetir o óbvio: uma mulher no centro do poder político incomoda. Quando essa mulher é negra, o desconforto da classe política se intensifica. E se ela é Marina Silva — ex-seringueira, ambientalista, ministra do Meio Ambiente — o incômodo parece se multiplicar.

As reações dizem muito. A tentativa de “colocá-la no seu lugar”, como sugerido por um senador, e a declaração revoltante de outro, que afirmou ser “difícil não querer enforcar” a ministra, são manifestações explícitas e intoleráveis de racismo e sexismo.

Esses sistemas de poder não operam isoladamente. Racismo e sexismo se entrelaçam, criam categorias sociais destinadas à subalternidade, delimitam quem pode falar, decidir, liderar.

Mulheres foram historicamente tratadas como inferiores, subordinadas à lógica patriarcal. Pessoas negras foram marginalizadas por séculos de escravidão e, após isso, por mecanismos discursivos de exclusão sob o mito da democracia racial.

Assim, quando raça e gênero se encontram — como no corpo e na trajetória de Marina Silva — surgem formas específicas e agravadas de violência simbólica e institucional. O recado é claro: “você não pertence a esse lugar”.

Compreender como essas opressões se articulam é essencial para interpretar os conflitos que emergem nas instituições públicas. Elas não são falhas individuais, mas expressões de estruturas que ainda resistem a reconhecer a legitimidade de certas presenças.

Enquanto essas estruturas não forem enfrentadas, a democracia brasileira seguirá incompleta, e lideranças como Marina Silva continuarão sendo tratadas como exceções incômodas, quando deveriam ser reconhecidas como símbolos de um futuro mais justo.

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Andrey Régis de Melo

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